Silêncio...
Quem me pergunte e exija uma resposta rápida
Sobre, o que eu considere venha a ser o silêncio
O que me vem num estante, é um barulho ensurdecedor
O maior dos choros! O maior manifesto, o maior dos lamentos;
Talvez sons abafados, fruto de incontrolável desespero
Que tentam, balbuciando falar, até com o fundo dos olhos
Coisas aterradoras, mas sem nada conseguir escapar.
Sons que da boca, espumando, ventilando dizer algo
Talvez fome ou sede! Talvez de ajuda ou caridade!
Talvez, por esses canais que pouco ainda desvendados
Quem sabe suplícios, em pedidos póstumos de socorro;
E por não sair nada, permanecendo ofegante, voz calada
A se tornar o maior dos gritos; o berro mais assustador
O mais triste e dolorido inaudível, som codificado na dor!
Mas numa outra visão, menos retórica e angustiante
Acho que poderia responder, explicando sob outro prisma
Nem melhor, mais abrangente ou conclusivo, apenas diferente;
Que é o som do nada, histórias narradas e fatos, tantos...
Por ex...
Com se observando, do ponto mais alto de um convés
Alguém ávido por razoáveis respostas, em movimento
A bordo de uma embarcação itinerária, objetiva, longilínea
Que de longe parece, se curvar, voltar alinha-se e dobrar-se
Que ao progredir, sem pender e perder rumo, flutua ou se debate
Estrondando em canais de mares não navegáveis, revoltosos, rochosos
De sequenciais ondulações, sinuosamente altas, traiçoeiras, alvoroçadas;
Ou em outra linha de pensar, numa fleuma serena, perene, de pura calmaria.
Sons que envolvem e se desenvolvem, atravessando o tempo
Concluindo, no vácuo deixado por todas as palavras não ditas
Medindo frases, contendo a ira, contando várias vezes até dez
Preenchendo cada canto desse vazio, infinito e disforme
Que convencionou-se chamar pelo misterioso nome de:
Vida!
A ouvir, somente você, melodias...sendo feita só por você
A escrever canções, mais bem pensadas e elaboradas possíveis;
Isso, depois de muito rabiscar e retocar, analisando
Reouvindo “n” vezes, a voz que que sai do coração.
Sons, que tendo em mãos pincéis (vários) invisíveis
E na mente farta de ideias, aquarela de mil cores, ou mais...
Numa vastidão como cenário imaginário transparente
Cuidadosamente medido, avaliado, riscado e tingido
A ser ilustrado em lousa, se não tão vistoso, bonito e perfeito
Retocado, melhorado pacientemente, até que possa virar bela figura
E/ou no máximo, com a ajuda do imponderável mágico e fantasioso
Discreto, audacioso, célere ou irrequieto, quadro real!
Mas o silêncio de cada um perpassa, também em cada um, com outras nuances de interpretações!
As minhas únicas duas, me fazem pensar demais, por ora são suficientes e suficientemente complexas e tendem propor, infinitas formas de leituras!!
Muito obrigado por vossa atenção!!!