SOPHIA
N'um mundo condenado por Sophia
Onde Sophia canta e dança alucinada,
É assim, regida de luares e estrelas
A alma do poeta e a força da poesia.
Na noite escurecida de outras eras
Das figuras icônicas e estoicas da razão
Em sangue e terra e lodo e carvão
Qual fantasma, na alegoria na caverna.
Joaquim sofre o que não sabe e se angústia
Pelo que a (in)consciência fatalmente adivinha,
O que (não) sente e o que soube sentir, um dia,...
Não fosse o seu sofrer... Achando não saber...
O que o poeta, por ventura, saberia:
Sophia? Eva? Luzia? Atena? Ou Maria?
Quem preenche o universo de magia?
Quem produz a matéria dessa incrível alquimia?
Vazios seriam os versos e as faces nuas
Que o disfarce jamais esconderia,
Loucura de Nietzsche seria a poesia.
Não fosse a amplidão dos oceanos
A melancolia desses mares profundos
E outros nunca dantes navegados...
Não fosse Dante e seus infernos povoados,
No fosse Lacan brincando com palavras,
Freud acordando os sonhos não sonhados
E a histeria do amor e do pecado...
Sophia, talvez, dormisse plena em berço esplêndido
Ou pura, balançasse em sua rede, sob o véu da lua
Imaginando seu príncipe encantado,
Enquanto sua alterego cavalgava nua.
By Nina Cista, in 29/12/2023.
Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.