Bancada das imperfeições
Na bancada das imperfeições, onde sua imperfeição está?
- Está falando comigo?
Na verdade, estou falando com quem pode me ouvir, você pode?
- Ora, essa, acredito que todos podem te ouvir, estás no meio de uma praça repleta de mentes, ou seja, grandes fábricas de pensamentos inconstantes. Então, sim, eu e todos podemos ouvir.
Se estás dizendo, mas se reparas bem, temos 3 pontos e é deles que quero falar.
- Apresente-os.
O primeiro é que o tempo, esse dono de muitas coisas, está cada vez mais rápido, já o segundo ponto é o amor, esse também dono de muitas coisas, está cada vez mais tímido e, por fim, o terceiro ponto é mais uma pergunta, ou não?, por que errar se tornou tão, mas tão ruim que precisamos colocar em vitrine e vender pelo preço mais sujo através de uma visibilidade insana e pouco palpável?
- São pontos relevantes, mas te digo, nada que eu te responder vai de fato mudar algo que apresenta, mas ainda, sim, penso que o tempo é superestimado, há muito tempo, usei o tempo como remédio para curar ou até cicatrizar muitas de minhas dores, muitas de minhas feridas.
Qual foi o resultado?
- Não houve melhora, porque eu não entendi o que realmente iria curar. Entregar nas mãos do tempo sua dor nem sempre é a resposta concreta e disto, eu digo, caro desconhecido, em uma visão singular, mas que pode ser coletiva, tudo pode acontecer. Há quem diga que ano após ano o tempo aumenta a sua velocidade, mas acredito que o tempo é o tempo e que fomos nós que nos aceleramos, e o amor, esse que apresenta como "tímido" é sufocado pelo orgulho e a razão, ele não aparece por não ser bem cultivado e o último ponto talvez esteja entrelaçado com os anteriores, talvez, só talvez, parecer perfeito, tentar ser mais rápido que o tempo ou tornar o amor tímido esse tão visível até mesmo para os olhares desatentos seja uma forma de fugir da bancada das imperfeições, mas por algum motivo não há escapatória para o julgamento coletivo