ABRINDO A CORTINA QUE NÃO ME DEIXAVA VER A VIDA
Abri a cortina que fechava a janela da minha vida, fazia tempo que ela se encontrava cerrada não me deixando ver o que lá fora existia. Muita coisa eu já imaginava ver, porém não tinha coragem de abri-la, existia um certo temor, talvez alguma angústia, em querer ver uma realidade que agora estava ali diante de mim. Confesso que verti algumas lágrimas de alívio e que me ensinaram a olhar a vida de uma maneira mais sensata. Há anos preso nesse meu eu desnecessário não conseguia enxergar o que de bom existe além dessa janela, a cortina transformara-se num empecilho que só atrapalhou a minha vida. Respiro agora aliviado, vejo que não era o que eu pensava, o mundo é belo, só precisa que as pessoas de consciência tranqüila saibam administrar as suas ações.
Eu vi uma criança que passeava em seu carrinho levado pela babá, que sorria alegremente. O cachorrinho da família também seguia ao lado. Mais adiante um senhor idoso estava sentado em um banco de praça, lia uma revista muito interessadamente. Veículos de passeio circulavam pelas ruas dessa cidadezinha do interior em marcha vagarosa, não tinham pressa de chegarem aos seus destinos. Transeuntes caminhavam bem tranqüilos, alguns para o trabalho, outros para compromissos diversos. O vento entrou pela minha janela, agora aberta, me dando mais uma oportunidade de viver a vida como ela é, os problemas são normais em todo o seu contexto, é uma coisa que todos enfrentam no dia a dia. E agora que vim descobrir isso. Quanto tempo perdi preso em minhas emoções sem sentido, como pude ser tão fraco assim?
A mente começou então a entrar em equilíbrio com a realidade, lá fora, além dessa janela, existia algo que me perturbou por longo tempo, o que me fez entrar nesse isolamento social e que só me trouxe conseqüências graves. Mas tudo será esquecido, o importante é viver a vida do jeito que ela é, não podemos mudar os nossos destinos. Saudades aflroraram, lembranças voltaram a todo vapor, mas eu me contive e suportei bem forte para amainar a minha condição que não tinha nenhuma razão de existir. Agora eu sou outra pessoa e essa janela ficará sempre aberta para o mundo, lá fora tem muita coisa boa para ser explorada.