Para onde vai a consciência
Ela vai?
Ou ela fica?
Salteando pelas camadas invisíveis
Tomando rumos imprevisíveis
Caindo no esquecimento?
Ela vagueia por onde não entraria,
Ela se esgueira por quem não a convidaria,
Ela seria algo
Ainda?
Elas se encontram?
Se dividem, se escutam
Se compartilham?
Ou apenas se veem, letárgicas
Inóspitas
Tateando por lugares que não visitaram
Buscando por relevos que escalaram
E que tardaram demais para achar o caminho de volta?
Ela se vê desolada, largada,
Chorosa, molhada?
Tentando entender o que são os traços gelados
Que lhe riscam a superfície;
Dos passos alagados que agora ecoam
Na vastidão que tão rapidamente se preenche?
Ela entende?
Compreende a extensão do seu vazio,
Que mesmo preenchido de diferentes incentivos
Ainda é alheio ao que lhe parecia comum?
Ou vive uma fantasia derradeira,
Um banquete, uma ceia?
Faces desalinhadas, detalhes errados
Uma sensação farta de escassez;
De momentos levemente corrompidos,
Dos traços errados, antigos
Repetições que se rebobinam,
Perdendo sua definição
A cada vez que se retorna o movimento?
Ou, a mais completa escuridão
A privação dos sentidos, a exclusão?
Um golpe na parte de trás da cabeça,
Uma queda sem sonoridade
Com o doce clarão da verdade
Piscando de tempos em tempos
Para algo que não consegue enxergá-la?
Por trás das paredes, das portas
Das curvas retas, das linhas tortas
Do que se toca, do que se vê
Do que se sente
Nunca aparente, mas presente
Rondando as entrelinhas
De um texto mal escrito?
Para onde ela foi?
Onde se escondeu?
Porque os timbres ao fundo,
São tão parecidos com o meu?
Apagada, aos poucos
Com luzes que se findam uma a uma
Perdendo, primeiro, a influência
Depois o nome,
E por fim o respeito,
Um saco de ossos velhos, ocupando espaço.
Espalhado pelo chão estão os pedaços
De alguém que me estenderia a mão
Se houvesse algo sobrando.
E por fim, o fim
Que já vinha se apresentando;
Calmo, aguardando a hora certa
Para ceifar o que lhe resta.