Os limites que criamos

Nossa mente nos prega peças e é capaz de nos enganar. Nossos olhos, atrapalhados por lentes distorcidas, talvez não consigam perceber que a realidade é muito mais ampla e diversa do que a que avistamos. E ficamos presos a um mundinho extremamente limitado e recluso. Não arriscamos. Não nos expandimos. Não permitimos que nossos potenciais se desenvolvam em sua plenitude. Isso porque nem sabemos dos potenciais que realmente temos. Acreditamos que somos finitos e limitados. O que, de certo modo, é verdadeiro. Temos até onde podemos ir, apesar de também ser verdade que podemos expandir nossos horizontes. Mas, acima disso, precisamos compreender que os nossos limites não são os limites do mundo.

“Alguns confundem os limites do seu campo de visão com os limites do mundo” (Arthur Schopenhauer)

E esses limites em nosso campo de visão podem aí estar estabelecidos por inúmeros motivos. Uma hora é a sociedade que nos limita. Em outra, são nossos pais que nos privam. Mas, em tantas outras, somos nós, com nossos medos e inseguranças, que não nos permitimos enxergar para além da rotineira, repetitiva e costumeira paisagem a qual estamos habituados. Uma paisagem limitada, permanente, fixa e rígida, que nos entedia e cansa. No entanto, o tédio e o cansaço parecem ser menores que o medo de descobrir que somos os nossos maiores carcereiros e que temos em nossas mãos as chaves de nossas prisões.

O que o impede de soltar a si mesmo?

O mundo não é como nossos olhos o contemplam. E essa afirmação pode parecer desconectada da realidade. No entanto, garanto que não é. Afinal de contas, tenho uma compreensão do mundo, tenho uma forma de entender a vida, tenho um jeito apenas meu de dar sentido para tudo isso que estamos vivendo. E você terá outra compreensão, outro entendimento e dará sentidos diversos aos meus para as suas vivências, mesmo que nossas experiências sejam, de certo modo, semelhantes, mesmo que estejamos assistindo ao mesmo pôr-do-sol: ele nos tocará de maneiras diferentes. É por isso que o mundo não é exata, simples e unicamente como nossos olhos o contemplam. Sendo assim, podemos adotar outros olhares para que nossos mundos tenham outros sentidos. Se a realidade como está dada em muito o angustia, decepciona e enfada, que tal trocar as lentes com as quais a tem assistido? Não... As coisas não acontecerão espontaneamente, não se transformarão bastando o seu desejo e a sua vontade. Não é assim que funciona. A realidade que queremos viver, em partes, é construída por nós. Uma hora teremos que reformar nossas construções. Em outra teremos que construir algo completamente novo. Mas em tantas outras bastará um simples e transformador movimento: mudar a nossa forma de olhar para a vida.

Não confunda os limites que você criou com os limites do mundo. Porque, na verdade, acredito que o mundo é ilimitado. Imagine só o tanto de coisas que podemos fazer! O tanto de mistérios que podemos viver! Não se limite tanto.

(Texto de @Amilton_Jnior)