Duas moças
Quando eu andava pelos paralelepípedos da Rua da Praia, avisto à distância Sofia e Mariana sentadas de frente para rio. Há estações que não reencontro-as. Jurei que jamais as reconheceria. A primeira, sempre livre e altiva. Aquela que nunca parou de brincar de amar. Dada a todos os sentidos da vida. A segunda, uma eterna apaixonada. Sofrida, dilacerada, mas sempre viva a paixão. Incendiada por múltiplos sentidos. Parei para assistir à troca de confidências, daquelas que são irmãs pelo coração e pelas letras. Poemas e cartas viraram vozes. Elas pareciam tão felizes, enquanto eu as assistia à distância. Mariana enxerga-me, avisa a Sofia e as movimentam os braços conforme o vento, dando-lhes um aceno. Eu devolvo, tímido e saudoso, com a mão esquerda o mesmo aceno. Elas partem para o lado esquerdo da rua, e eu ando à direita da rua, caminho da rodoviária. Elas vão felizes, e eu… bem… só vou mesmo.