Estereótipos?
O que antes era considerado estereótipo na sociedade se tornou preconceito, e agora está caminhando para se tornar crime. Ao se tornar crime, trata-se antigos temas que deveriam ser superados, com punição severa. Essa forma exagerada de punição, decorre do pensamento pós-moderno.
A pós-modernidade, que defende a Justiça Social, se tornou a própria violência do Estado. O que antes se tentava resolver pela consciência social - via educação, e políticas públicas - se tornou assunto de polícia. O racismo é um exemplo. Se para os Iluministas isso devia ser resolvido pelos princípios de Igualdade, Fraternidade e Liberdade, hoje, com o pensamento pós-moderno, isso deve-se resolver na Justiça. Não na Justiça das Ideias, mas na Justiça da prisão, ameaça, intimidação, e, outras vezes: na intolerância, xingamento, cancelamento.
Está aí o mundo civilizado que está se perdendo.
Quanto mais o "identitarismo" avança, mais se ver ações truculentas, movidas por um ódio inescrupuloso que se julga capaz de xingar, ofender, humilhar, reprimir, ameaçar, intimidar, proibir. Sim: proibir. Quaisquer discursos - inclusive esse - que tentem dar freio ao identitarismo é chamado de preconceituoso, racista.
O homem branco, seja ele de qualquer classe social, se tornou a ameaça do momento. Se antes, a classe social dos burgueses, e antes, dos aristocratas, ocupavam as posições de poder - já que possuíam os meios de produção - e, portanto, não socializavam a riqueza, hoje, se deslocou a reclamação para a raça, gênero e sexualidade. Enquanto isso, o verdadeiro dominante - os donos dos meios de produção - continuam acumulando mais riqueza. O proletário, o sujeito que sofre para se sustentar, seja: gay, mulher ou negro, vão continuar oprimidos. Mas, ao invés de pensarem na melhoria das condições econômicas, eles deslocaram suas "críticas" para a pauta dos costumes. Acusam os homens de misoginia, do que antes eram cantadas; acusam os homens de assédio, do que antes era flerte. Acusam os brancos de dominantes, do que antes eram privilégios de classe. Ou seja; deslocaram os problemas sociais e cognitivos para questões morais. Esqueceram a miséria social - os pobres - estes que não se enquadram em nenhuma categoria identitária, para questionarem os temas secundários da sociedade.
O identitarismo, portanto, é um movimento social que tem pouco apego às ideias; sua racionalidade se tornou irracionalidade; sua individualidade não passa de grupos e castas (individualismo) e a concepção de que todos são iguais perante a lei e outros princípios que dão margem à universalidade, foram substituídos pelo universalismo, para citar Rouanet.