No Templo de Deus... Um Demônio Senta-se.

No Templo de Deus... Um Demônio Senta-se.

A manha daquele dia, tudo era normal, pessoas chegavam, entravam, e, se sentavam em busca de algo para consolar suas dores espirituais. Velhos, jovens, crianças, faziam parte desta imensa penitência, cada qual com suas verdades incomplacentes, ou, suas mentiras complacentes, contudo, todas voltadas ao senhor.

A basílica da igreja em questão era um grande cenário onde as interpretações tornavam-se ainda mais promissoras a realidade; após uma missa, e, outra, seguidores fies da crença em si, esperavam ansiosamente pela a missa das 17:00, onde seria registrado a coadjuvante missa do sétimo dia da morte de alguém, ou, nascimento deste. Esse alguém poderia ser um amigo, um parente, ou, ninguém conhecido não tinha importância desde que seja abençoado com a graça do dinheiro, senhor absoluto da fé. Era uma mistura Sacra, com sarcasmo nos presentes, de liturgias compiladas na santa Sé de cada alma. Estas almas amarguradas pela grandiosa perda, mistura-se as tantas almas delirantes no empobrecer daquela vida florindo. Todos esperam ansiosamente para ouvir um novo nome, ou até, um nome dito tantas vezes, que, em ocasiões distintas muitas vezes desejamos ter matado...

"Seu nome".

Rezas, hóstias, e, uma fila decadente de mãos esticadas querendo tocar a cruz que em martírio ceifou de um alguém, inevitavelmente é adorada criando um paradoxo que dispensa comentários. Choros, lamentações, fofocas ao pé do ouvido, abençoa-os em sinal do Pai, Filho, e, Espírito Santo tecendo a mesma cruz sobre o peito que involuntariamente cheio de mágoas, mágoa a cristandade desta ovelha desgarrada. Sentado ali, bem no canto direito da paróquia onde uma pintura de (Tito Nicolau Capinam (1822 - 1876) A Morte do Justo), orna a parede ao entrar, um Demônio observa cada detalhe pertinente a esta missa negra camuflada de palavras afáveis, de tantos corações promulgando a paixão ao mundo, as tantas mãos misericordiosamente prontas para doar-se sem nenhum "interesse". O mundo destes bem aventurados seres iluminados, resumi-se a palácios bem arboreados, templos bem esculpidos por artistas renomados, trajes com costuras impecáveis para ser aceito no reino miserável de um Deus tão sofisticado.

Então, o Demônio em silêncio assiste a tudo, esperando as horas passarem ligeiro para poder voltar ao limbo de sua vida infernal, mundana, e, pervertida. A missa acaba; entre um (olhar e outro), entre um sentimento de (levamos ou não), a expressão trivial chega:

- Espere, vamos com a gente!..

Ele, demôniosamente (demônio-sã-mente) renega a salvação, para na sua perdição, caminhar pelo vale verde da sua fé inexistente...

Nota:

1) Sobre a missa do sétimo dia de uma senhora muito querida em vida.

2) Sobre a palavra "Demôniosamente" não encontrei nenhum registro da palavra. Quem tiver agradeço o auxílio.

Texto: No Templo de Deus... Um Demônio Senta-se.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 11/12/2023 às 18:21

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 11/12/2023
Código do texto: T7951870
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