Eu, novo lar.
Quando perdemos o peso das coisas que outrora sufocavam o coração enxergamos quanto espaço era desperdiçado.
Como uma casa cheia de móveis antigos que contam histórias esquecidas de vidas que não vivemos instalados na sala de estar, feridas penduradas como decoração que você tenta guardar e ao mesmo tempo expor, lembranças postas no armário da cozinha e servidas nos momentos de vulnerabilidade, risadas e declarações de amor que você solidificou nas paredes, janelas e porcelanas... É preciso coragem para desapegar-se das coisas.
Então um belo dia sentimos a leveza do vazio, o eco do silêncio preenchendo cada canto de quem somos, o privilegio de carregar somente o que nos pertence... você já não se sente museu de vidas passadas sem espaço para o novo, abraça a mudança, renova a mobília, pinta as paredes, muda os armários, vende as porcelanas e aceita uma nova fase da vida.