Devaneios do Etério
Você vai morrer um dia.
A morte é parte natural do ciclo de vida e ocorre quando o corpo humano ou qualquer organismo deixa de funcionar, seja de forma natural, por doença ou outras causas. A ciência ainda busca entender completamente o mecanismo por trás disso. Fatores gerais incluem o cessar da atividade cerebral, a parada do sistema cardiovascular e a interrupção das funções vitais.
O que acontece após a morte é uma questão amplamente debatida e também está ligada a crenças religiosas e filosóficas. Para muitas pessoas, é vista como uma passagem para outro estado de existência, seja no contexto religioso ou espiritual. Independentemente das crenças individuais, a morte é parte inevitável da vida.
Se você está lendo isso, tenho certeza de que está vivo, e a questão é se você está preparado para morrer. Cada pessoa encontra sua própria resposta para lidar com essa realidade; não há uma única resposta certa. O importante é encontrar maneiras de viver a vida com significado, aceitando a realidade de que, em algum momento, todos nós iremos morrer.
O ser humano se afasta cada vez mais da realidade, muitas vezes devido às demandas da vida moderna e à constante busca por entretenimento instantâneo. Mesmo com essa explosão de distrações, como cinema, jogos, música e pornografia — todas criadas para nos distrair — ainda somos pessoas tristes, infelizes, depressivas e ansiosas. Esses fatores podem levar à perda de experiências verdadeiras: relacionamentos significativos, trabalho, espiritualidade e uma compreensão mais profunda do mundo que nos rodeia.
A busca pela espiritualidade é extremamente valiosa; ela nos proporciona paz, conexão, resiliência, valores, sentido e propósito em nossas vidas. Por outro lado, não podemos usá-la como remédio para todos os males ou como fuga dos nossos problemas. Usá-la de forma viciosa pode nos fazer enxergar coisas que não são reais ou até levar à loucura clínica. A espiritualidade deve ser uma fonte de apoio e conforto, mas não para negar problemas do mundo real.
Remédio para todos os males
O uso de substâncias medicinais ou místicas tem sido associado a experiências espirituais profundas, insights, ampliação de consciência, bem como benefícios terapêuticos em alguns contextos. Porém, é importante considerar o excesso. Não devemos desconectar totalmente do mundo físico e viajar entre mundos que às vezes podem existir apenas em nossas mentes. Somos seres feitos de matéria, e é essencial que permaneçamos conscientes, pois é dessa forma que moldamos nossas vidas e experiências.
A incapacidade de retornar à realidade física após experiências espirituais intensas pode ser um sinal de que algo está desequilibrado. Essa desconexão prolongada indica questões patológicas que requerem atenção médica e psicológica. A linha tênue entre o que é de fato “excesso de espiritualidade” e o que pode ser interpretado como loucura é complexa. Precisamos focar nas coisas que acontecem ao nosso redor e fantasiar menos.
Mediunidade
“Sou médium” — essa expressão se tornou comum, quase um status pessoal. No entanto, é importante lembrar que a mediunidade significa ter a capacidade de se comunicar com o mundo espiritual. Algumas pessoas acreditam sinceramente possuir essa habilidade. Mas e quando passa dos limites? Muitas pessoas se aproximam de mim compartilhando experiências de ouvir vozes, ver coisas ou possuir uma sensibilidade mediúnica intensa. Precisamos bloquear isso; geralmente, esse indivíduo está vivendo mais o inferno do que o paraíso, pois não consegue lidar com a situação. Tais experiências podem afetar significativamente sua vida, sono, bem-estar, trabalho e até a capacidade de socializar.
Por que temos essa sensibilidade? Seria um dom? Vamos usá-la para quê? A verdade é que todos nós somos médiuns; é uma capacidade natural. Às vezes, ela se manifesta de um jeito sutil que nem percebemos, como um pensamento positivo, uma inspiração na hora de resolver uma dificuldade e até mesmo como sabedoria. Precisamos regular esse fluxo de energia para não receber além do que conseguimos suportar.
Problemas de saúde mental, como a depressão e outras patologias, podem ser mal interpretados ou erroneamente atribuídos a questões espirituais ou falta de conexão com Deus. Pelo contrário, às vezes é o “excesso”. Existem pessoas que focam tanto no mundo espiritual que o físico perde o sentido. Se você está encarnado, precisa estar aqui, com os pés no chão; você tem uma missão esperando para ser cumprida. Tudo é questão de equilíbrio. É preciso trabalhar os três lados — espírito, corpo e mente — para criar a harmonia perfeita.
Destaco que a espiritualidade pode ser manifestada de diferentes maneiras, incluindo o cuidado familiar, a valorização da vida, a capacidade de enfrentar desafios e situações difíceis em relacionamentos, entre outros. Não se limita apenas às práticas religiosas; também inclui valores éticos e como vivemos nossas vidas diárias.
A busca por ela é extremamente preciosa, não apenas para o desenvolvimento pessoal, mas também para a capacidade de criar uma vida positiva e encontrar forças em momentos difíceis. A espiritualidade oferece significado. É importante que sua expressão seja equilibrada, promovendo o bem-estar geral, tanto para a pessoa individualmente quanto para aqueles ao seu redor.
Dois Polos
Quando nos sentimos bem, quantas pessoas lembram de agradecer a Deus? Somos atingidos por uma doença ou alguma adversidade e aí sim lembramos de rezar, pedimos por ajuda divina. Isso reflete a tendência de valorizar o positivo em momentos negativos.
Infelizmente, em alguns casos, não conseguimos evoluir por conta própria, sendo necessário algum evento desafiador ou mesmo uma crise para nos motivar a tomar atitudes em nossas vidas. Às vezes, a energia negativa pode ser um impulso para nos recuperarmos, levantarmos e continuarmos avançando.
Felizmente, a manifestação de Deus está presente em todos os aspectos da vida, até mesmo nas coisas mais simples. Não dependemos exclusivamente de templos para encontrar essa conexão. Podemos reconhecer a presença divina em todos os lugares. Portanto, ao receber essa manifestação completamente em todos os momentos, compreendemos que Deus está ao nosso redor, independentemente de estarmos em um local religioso específico.
Encontramos Sua presença até embaixo de uma pedra, mas não devemos esperar que Ele esteja constantemente sobre nós. Se estivesse o tempo todo intervindo e controlando nossas ações, estaríamos apenas cumprindo Sua vontade. No entanto, para evitar essa manipulação divina, Ele se mantém em segundo plano, permitindo que tenhamos livre arbítrio. Essa autonomia é o que nos dá a capacidade de fazer escolhas independentes, e é por isso que é tão valorizada.
Nas entrelinhas da existência, nos foi concedida a liberdade para que possamos, por escolha própria, descobrir a beleza em cada parte da vida. A verdadeira conexão transcende quando percebemos que Deus nos presenteia com a liberdade de criar nossa própria história.
Excessos
Em certa ocasião, compartilhei com um amigo uma antiga reflexão: ter uma mansão com mil quartos, cada um contendo mil camas, não teria sentido se ele fosse atingido por mil doenças em cada uma dessas camas.
Devemos cuidar do nosso corpo e mente; eles enviam sinais para o espírito. Nosso corpo é frequentemente comparado a um templo, mas é importante ressaltar que o jejum ou a privação de sono, por exemplo, não representam necessariamente um sinal de avanço espiritual. Reconhecer a importância dessas funções corporais é essencial; até mesmo as atividades cotidianas devem ser agradecidas.
Assim como a fortuna ou riqueza material pode se tornar vazia e insignificante diante da fragilidade da vida, a verdadeira prosperidade reside na harmonia entre o bem-estar físico, mental e emocional. No fim das contas, a verdadeira riqueza é a que sustenta e enriquece todas as dimensões da vida, proporcionando um equilíbrio duradouro e significativo.
Fanatismo
Qual seria a imagem de Deus? A face do homem? Essa talvez seja a resposta mais difícil e complexa, pois abre portas para vidas inteligentes além das que conhecemos. Porém, imagino que a imagem do Criador seja força e energia, o tudo... Além. Deus não tem face nem aspecto corporal. Não há arquétipos; imaginar que Deus é homem ou mulher pode ser um engano. Sua compreensão transcende a capacidade de representação visual ou conceitual limitada.
Por isso, não idolatre imagens personificáveis nem intermediários na Terra.
Para muitas pessoas, participar de atividades religiosas, como frequentar locais sagrados, oferece vários benefícios: apoio social, desenvolvimento espiritual, reflexão, tranquilidade e valores. Não vejo problema nisso; muito pelo contrário, é algo positivo. O problema é o fanatismo.
Buscar inspiração em outras pessoas pode trazer virtudes e valores admiráveis. No entanto, é importante diferenciar a apreciação justa da idolatria cega. A verdadeira conexão com Deus não requer intermediários na Terra, pois cada pessoa tem a capacidade intrínseca de buscar a verdade e a bondade diretamente. Idolatrar supostos representantes divinos ofusca a compreensão da verdadeira essência espiritual, pois a divindade não se limita a formas humanas ou instituições terrenas. Em última análise, a caminhada espiritual é uma busca pessoal, uma exploração interna que transcende as figuras externas e nos leva à essência universal que reside em cada ser.
Deus ama as pessoas e não a religião.
O fim está próximo
O cenário futuro do nosso mundo não se desenha como um apocalipse distante e definitivo, mas sim como um desafio contínuo, onde as crescentes turbulências refletem a escassez da luz que guia a humanidade. Não prevejo um fim repentino, mas sim um caminho tumultuado, pois a falta de compreensão, empatia e colaboração entre as pessoas se torna um obstáculo significativo.
Nesse trajeto, novas doenças podem surgir, conflitos e guerras podem eclodir, e as relações familiares podem ser testadas até o limite.
A ameaça principal não é um evento cataclísmico, e sim a autodestruição resultante de divisões, intolerância e desconfiança entre nós. A luz da compreensão mútua e do respeito deve ser cultivada para dissipar a escuridão. Enquanto a humanidade não buscar soluções pacíficas, abraçar a diversidade e trabalhar coletivamente para superar desafios, o perigo reside na tendência de nos prejudicarmos antes mesmo de alcançarmos qualquer cenário apocalíptico. A esperança está na capacidade de despertar para a urgência da cooperação e, assim, trazer um equilíbrio essencial para o futuro que se desenha diante de nós.
Nada mata mais o homem do que a sua própria mente.
Ligações
Então, o que nos aproxima e o que nos afasta do Divino? A autoavaliação, reconhecendo nossos erros e acertos, nos aproxima automaticamente. Fazer o bem e buscar conexão espiritual é possível a qualquer momento. Já o que nos afasta são as crenças limitantes, a adoração de um messias inventado e a prática do mal. Além disso, nossas ações desempenham um papel crucial. A humildade, a ausência do ego, a renúncia à arrogância e à prepotência são mais significativas do que qualquer outra coisa.
A estrada em direção à luz é pavimentada pela sinceridade na autoavaliação, onde o reconhecimento dos erros se torna uma ponte para a redenção espiritual. Enquanto fazer o bem são portas sempre abertas, as correntes que nos afastam são forjadas pelas crenças limitantes, a adoração cega e o mal.
Novamente, é nas sutilezas de nossas ações que a verdadeira essência se revela. A humildade, a renúncia do ego e a recusa à arrogância e prepotência tecem o próprio tecido da alma, tornando o caminho mais sublime para alcançar a verdadeira comunhão do sagrado.
E, por fim, gostaria de fazer uma última reflexão:
A morte é certa, mas a hora da morte é incerta. Então, entre a LOUCURA e a LUCIDEZ, SONHAREMOS.
P.H.Petters.