O Pacto.

O Pacto.

Ha trinta e cinco anos atrás, precisamente no "Extremo Norte da Chapada Diamantina" haviam dois municípios denominados Jacobina, e, Miguel Calmon. Entre eles, um povoado... "Brejo-Grande". Brejo-Grande era um lugar arbóreo, sua cultura constituia de plantações, criações de animais, e, de uma simplicidade invejável. Dentre estas árvores frutíferas as que se destacavam eram:

Mangueiras, Umbuzeiros, Cajazeiras.

Seu povo simples, estavam sempre dispostos a ajudar seu semelhante, em meio a esse tumulto de personagem, ainda podíamos acrescentar os visitantes. São aqueles que de uma certa forma tinham os pés nesta terra. A terra, árida pela natureza humana, seca pela ganância terrena, castigadas pelas mãos destes seres sem escrúpulos.

Sim!..

Devido as tantas mazelas que criamos nem tudo morria; ali entre Dezembro e Janeiro, nas ferias de São João, um garoto filho da cidade, neto deste povoado, religiosamente passava seus melhores momentos sempre tendo como confidente a velha Cajazeira quase em frente de sua casa. Lá ele sentava para lhes contar segredos de amores, de raivas familiares, ou, nada, apenas escrever seus delírios febris de uma mente jovem sem conhecimento sobre tantos assuntos, mas, de alguma forma ou outra, diluía seus temores momentâneos, fantasmas criados pela ingenuidade da idade, e, imaturidade dos anos vividos.

A vida é, e foi como sempre, parceira do conhecimento, depois de tomar uma cerva com o destino resolveram cruzar tais personagem afim de escrever mais uma história de amor, e, de separação. O destino sabendo das horas tomadas pelo menino embaixo da árvore, fez com que uma menina passasse naquela mesma hora pela mesma Cajazeira; neste momento olhos se cruzaram, sorrisos foi enfeitando o semblante, o pensar era favorável a ambos, assim, uma nova vida encheu seus corações. Marcaram então um encontro na festa religiosa do lugar, palavras foram expressadas como versos naquela noite sem luar, de mãos dadas na pequena estrada, uma pausa no caminhar, quando aconteceu um beijo que selou no tempo esse grande amor, que, perdura até os dias de hoje.

Na inocência do calor dessa paixão, os dois pensando em nunca se separarem fizeram um pacto de sangue com o seguinte tema:

- Quando um dos dois morrer, vem buscar o outro.

O sangue foi lançado do dedo indicador, ainda com o sangue úmido se esvaindo do mesmo, chuparam o lugar, para finalizar com um beijo vermelho. Nove anos se passaram até quê, a morte entrou em cena. No nono dia do mês de Junho de 2023, ele foi embora; um acidente o rebateu sem piedade findando a história destes apaixonados. Ela, ao saber disso, entre choros e risos, organizava suas tralhas deixando sua vida arrumada para a viagem. As 23:35 da noite, cansada do velório, depois de ouvir o CD dele, conversar com irmãos e parentes, depois de dar-lhe um beijo e sussurrar a seguinte frase:

- Não esqueça do nosso pacto. Estarei te esperando.

Deitou na cama e dormiu.

Eram 03:35 da madrugada, ele entrou, sentou na cabeceira da cama, ficou a observa-la por mais alguns minutos, quando ela despertou, ainda tentando acordar sorriu e o abraçou, ele à pegou nas mãos como o primeiro dia daquele primeiro beijo e saíram madrugada a dentro. Na manhã seguinte... Ela foi velada.

Texto: O Pacto.

Autor: Osvaldo Rocha Jr.

Data: 08/12/2023 às 22:25

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 10/12/2023
Reeditado em 11/12/2023
Código do texto: T7950791
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