Relato
Felicidade na Terra dos viventes
É tanta felicidade na Terra dos viventes, que quem olhar para nós desejará ter passado pelo que a gente passou. Promessas de Deus não falham. Jamais.
Quando o Senhor começou a falar, revelar, assegurar e mostrar tudo o que tinha planejado para mim, Ele fez o que sempre faz: ocultou o processo. De fato, se Ele tivesse mostrado juntamente as dores que eu teria de suportar, eu teria refutado. Com certeza, teria refutado. Teria dito: “Procure outro, Senhor. É tudo muito bonito, mas o preço é imensurável. Não vale a pena. Desculpe-me a sinceridade, mas me conhece muito bem o Senhor”. Por isso, Ele me ocultou. Passou comigo no profundo vale.
Foi grande o caos: traição, maltrato, perdas, injustiça, desdém. Lágrimas, revolta. Dor. Fui traída e abandonada. Uma prostituta, amante de homens casados, viu-me com meu ex-noivo num restaurante, cumprimentou-nos e passou adiante para sua mesa reservada. Ao vernos, juntos e felizes como sempre éramos, aquela infeliz adúltera assentou no oculto do coração o que Deus me revelaria tempos depois. Referindo-se a mim, declarou a si mesma: “Como pode ela ter alguém para levá-la a um restaurante, enquanto eu não tenho? Isso não ficará assim. Roubarei dela”.
De fato, tempos depois, Deus mostrou-me em revelação numa madrugada que um demônio em forma de mulher dava ao meu ex um prato de comida no apartamento que tínhamos montado, deixando-o fora de si. Ao vê-lo com ares de embriagado, seu nome eu gritava, sem resposta, enquanto aquele demônio empurrava a cabeça do meu ex por entre seios fartos e dava gargalhadas da minha cara. Chamei-o. Alertei. Mas, mesmo assim, aconteceu. Aquela prostituta o levou para si. Cheguei a deixar para lá. Pensei: Se fosse meu de verdade, demônio nenhum o tocaria. Mas Deus começou a dar cada vez mais e mais revelações.
Certo dia, Deus mostrou-me aquela prostituta com um punhal voltado para si, num gesto que pretendia concretizar comigo, mas não conseguia, irada porque não podia me destruir. Soltava fumaça pela boca. Em outra ocasião, o Senhor disse: “Fique tranquila, porque grande é o mover; fique quieta, porque Eu vejo o coração”. E prosseguiu, referindo-se ao meu ex: “Vou estourar dele o peito estufado”. Deus mostrava sempre o coração cheio de soberba e arrogância, camuflado por aparente simplicidade.
Em dor tremenda, certo dia preparei um risoto e não consegui findar o prato, inundado por pesadas lágrimas que caiam enquanto eu comia.
As promessas, no entanto, não vou contar aqui ainda. Vou reter. Muita, muita coisa não posso ainda relatar. Mas vou mencionar algumas frases que, em meio a todo o meu deserto, o Senhor falou.
Referindo-se à prostituta: “Uma mulher que tocou em ti descerá à terra fria”
Referindo-se ao ex: “Vejo ele estacionado na frente de um camburão”.
Referindo-se à prostituta: “Vou colocá-la atrás das grades”.
Referindo-se ao ex: “Vejo você orando muito pela vida de um homem; mas Eu faço como Eu quero”.
Referindo-se à prostituta: “Uma mulher adúltera atravessou o teu caminho. A sentença contra ela já está assinada. Sairá do meu ventre fazer isso”, disse o Senhor.
E tudo isso é apenas um pingo num balde. Há muito mais sendo, aos poucos, revelado. Em uma das mais recentes informações celestiais, recebi ordem para olhar a prostituta e deixar todos saberem que tudo está bem. Pois, quando acontecer o que está por Deus determinado, o resultado será uma turma surpreendida num repente. Nas palavras do próprio Senhor, “ficarão estupefatos”.
A história é comprida. Faço questão de registrar trechos por enquanto porque, quando tudo se concretizar, terei oficiado. Não há menção a nomes. Não é necessário. Cada um sabe o peso que carrega. Justiça virá. E não preciso de absolutamente nada além do que já tem sido feito: orar, aguardar, observar.
“Eu vou tirar você desse deserto”, disse-me o Senhor. Assim como registrado no livro bíblico de Ester, Hamã será enforcado. Maior que a dor será minha honraria. Muitos serão aqueles que desejarão por tudo isso também ter passado. Com efeito, cada lágrima minha no risoto será convertida em alegria.