Transgeneridade, Contemporaneidade
Meu gênero não equivale à tristeza. Essas são duas esferas próprias, distantes, uma não inerente da outra; não quero morrer porque sou assim, mas porque me odeiam por ser assim. Destinado a nós, a todos aqueles como eu, não há apoio ou amor – e, nos raros casos em que há, há também um limite. Não são incondicionais, pois não se vê completa e verdadeira compreensão (ou sequer a tentativa de alcançá-la).
Talvez faria mais sentido dizer que meu gênero é uma forma de solidão. Repito: não é algo intrínseco, e sim puramente social; na situação em que nos encontramos, estamos sozinhos. Não por escolha. Até porque desejamos o amor e amar da mesma forma que quaisquer outros. Estaria mentindo, porém, se dissesse que é igualmente fácil achar o amor, longe disso. Longe de tudo.