O que nos mantém onde estamos

Há lugares que, compreensivelmente, deixam de ser confortáveis. Ou estão aparentemente desconfortáveis. Parece que nunca temos certeza. Isso porque, embora queiramos sair deles, parece que algo nos acorrenta a eles. Um emprego que já não nos satisfaz tendo nós a possibilidade de simplesmente recomeçar em outro lugar. Uma casa que já não dá conta de nossas necessidades e anseios. Ou um relacionamento que, extremamente conturbado, parece nos tirar a paz dia após dia. Mesmo assim insistimos nessas situações. Não abrimos mão do emprego, não cogitamos trocar de casa, nem discutimos a relação com aqueles com quem estamos. E tudo continua a mesma coisa. Nossos lamentos e desconfortos são sempre os mesmos. Cansamo-nos por isso. Mas continuamos “aprisionados” a lugares que nos pinicam.

Qual é o ganho que temos continuando onde não queremos?

Será que realmente não queremos?

O que nos mantém onde estamos?

Precisamos refletir sobre essas questões. Mas refletir de verdade, profundamente, com auxílio se necessário. Precisamos entender quais são as nossas motivações para permanecermos naqueles lugares que dizemos estarem inquietantes. Será que o estão de verdade? Ou será que algo mudou e, agora, erroneamente permanecendo os mesmos, também precisamos mudar? E não é mudar de emprego, casa ou relação. Mas a forma como olhamos essas coisas, a forma como as vivenciamos. Porque há algo que nos mantém nesses ditos lugares desconfortáveis. E a menos que seja por nossa integridade física ou financeira, esse algo deve ser muito bom!

Ou então é puro comodismo. Aquele medo de se reinventar e recomeçar. Aquela preocupação em arriscar novas experiências. Aquela insegurança ao finalmente compreender que chegou a hora de usufruir de novos ares, de contemplar novas paisagens. Não que as antigas tenham ficado feias, apenas se tornaram costumeiras e ansiamos por novidades! Entretanto, como desfrutaremos de novidades se não nos permitirmos a elas? Como viveremos coisas novas se nos mantemos, apesar de inquietos, nas correntes que nós mesmos confeccionamos? Como despertar para o nosso potencial se preferimos a ilusão de nossos sonhos? Queremos que as coisas melhorem, que os lugares tornem mais atrativos e aconchegantes, ignorando que somos nós que construímos as circunstâncias que nos circundam através das escolhas que fazemos.

Diante de seu desconforto, sobretudo daquele que você não consegue se libertar, questione-se sobre o que o mantém preso a ele. Mas seja honesto e sincero. Não se esconda de si mesmo. A resposta talvez seja a chave para a abertura de sua prisão!

(Texto de @Amilton.Jnior)