Regando flores mortas
Eu falo, eu escrevo, eu desenho, eu canto, eu toco, eu sinto, eu imploro e todo verbo que sai de mim emana luta.
Eu luto contra o que? Que guerra é essa de um soldado só? Me sinto regando flores mortas e escrevendo um futuro guiado ao passado.
Estou de joelhos sobre esse túmulo, no qual deposito as flores mortas que tanto reguei. Ao mesmo tempo, ensaio meu monólogo sobre a possibilidade e a história se escreve do avesso e na contramão.
Todo dia é um novo contínuo que permanece estático.
Estou regando flores mortas e os verbos que ressoam não chegam, nem ao menos, no presente. Professo verbos no hoje, em cenários do ontem, sem as memórias do anteontem. Minhas afirmações se perdem nas negativas de uma história que se escreve na direção de um passado que não existe mais.
Quem somos nós? Onde estamos? De onde viemos? Para onde vamos? O mesmo. No mesmo. Do mesmo. Para o mesmo.
Aqui jaz o novo e nele deposito as flores mortas as quais rego, dia após dia. Um dia você irá florescer, esperança.