Dor e Cura.
Os dias pareciam frios mesmo com o sol beirando o chão do quarto. Não tinha vontade de levantar, o desespero que estava em meu peito não me deixou dormir por mais uma noite. Nem os mais fortes dos remédios conseguiram parar meus pensamentos, muito menos os meus sentimentos… sem comer, sem beber, sem dormir. Eu já não sabia mais em qual criatura mística eu poderia ter me tornado. Talvez eu fosse um novo mistério. Porém, a casa se encontrava impecável, devido ao tempo extra de madrugada.
Mas aquele dia foi o pior, em meio aquele escritório vazio e quente eu sentia frio. O coração disparou e aquela pequena varanda não foi capaz de sustentar a minha dor, ao mesmo tempo que parecia tão atrativa.
As horas não foram minhas companheiras naquele dia, nem o caminho até o trem, muito menos a chegada em casa. As pessoas pelas quais eu passei pareciam inexistentes, só havia eu naquele completo vazio.
Meu único consolo foram aqueles pequenos olhos castanhos que vieram a brilhar quando veio ao meu encontro com um doce abraço, uma gostosa refeição e um glorioso aconchego ao deitarmos, seguido de uma paz da qual eu jamais senti. Me senti novamente em casa, forçada a me erguer internamente porque devido a qualquer dia ruim, havia alguém no final do dia que estava a me esperar com anseio, brilho nos olhos e principalmente, amor, mesmo que esse alguém fosse dormir em apenas alguns minutos de filme.
Altos e baixos, dias lentos e rápidos, quentes e frios. No final eu tenho você. A quem me leva para eternidade. E me transforma, me transborda.