Quando as luzes se apagam
Abrir os olhos em um lindo dia e nada mais enxergar. Corpo íntegro, em pleno funcionamento, as hemoglobinas fundidas ao oxigênio tão necessário às células, suavemente os entregando, molécula por molécula. Os músculos perfeitos como se reconstruídos tivessem em pleno estado de elasticidade permitindo a liberdade de ir e vir. A voz em estado de relaxamento de suas cordas vocais a espera de uma próxima palavra, frase, silêncio. O Cérebro bombardeado incessantemente por milhões de sinapses, todas confusas e cheias de veneno. Ao buscar nas mais profundas lembranças tudo o que aconteceu e que tanto fez do corpo um flagelo, castigado por anos de incertezas, desavenças, palavras horrendas. Sem saber qual será o fim de tudo o nervo óptico ainda se esforça em mandar o que há de mais belo neste mundo, tudo perdido, sem sucesso. Não há mais brilho, cores, apenas um cinza de tom não interpretável, mas de sentimento de rancor, amargo, ausência da capacidade de interpretar os sentimentos. Esses não mais importando. Dia e noite, definições que marcam o tempo. Totalmente relativo, padronizado a tempos idos pela humanidade para marcar a história, como esse pequeno texto que aqui se apaga num perfeito abraço com a escuridão. Eterna companheira da solidão.