reflexões sob o sol escaldante
ando meio assim. meio perdida no tempo. parece que tempo e perdas são contíguos. avançam juntos e ficam juntos no que a memória guarda. Drummond vaticinou: viver é perder amigos. e eu, no auge da minha inocência juvenil, fui colecionando tantos amigos que, inevitavelmente, o medo da perda me rondou a vida como um mosquito caiçara.
foi-se. foram-se muitos. e mais outros. e eu ainda não depreendi os ensinamentos da principal premissa dessa vida: viver é morrer. se paro pra pensar nisso, abrevio algumas esperanças que ainda possa almejar nessa vida (ela de novo). a agonia de pensar na morte, de ouvir o coração batendo ou de contar as ondas do mar pode nos tornar amargos e pessimistas. mas pisar firme no chão da realidade nos poupa de fazer voos inesperados. ou pelo menos deveria. ah... cansada das notícias, das guerras, da violência. cansada do medo. e talvez a morte nem seja assim, tão vilã. mas o caminho até ela é que traz a paúra. e refletindo sob o sol escaldante: qual caminho não traz? sigamos.