A Moira já está escrita ou nós que a escrevemos?
A Moira já está escrita ou nós que a escrevemos?
Tecemos caminhos com os fios que nos determinaram, conscientemente, por aqueles que possuem o valor de Homem.
Alguns, que não receberam o valor de Homem, recebem dos homens o fio embolado, cujo caminho é desembolá-lo. Outros recebem um fino fio que é rompido a cada movimento do tear. Outros, ainda recebem fios embolados e frágeis, que rompem a cada movimento, cabendo à pessoa tecelã, remendá-lo com nós.
Outros, cujo Homem está mais próximo de sê-lo, recebem um longo fio, forte, resistente, consistente que dificilmente será rompido. Com esse fio, o homem cujo valor Homem se tem, se constrói a trajetória reta, rumo à liberdade que já determinaram, conscientemente, pelo mito do papel ao qual o homem atribuiu um valor quase Homem.
Mas quem sou eu para falar do valor Homem? Meu fio está emaranhado, embora seja resistente. Não me determinaram o fio da liberdade, mas me determinaram o fio da resistência.
Minhas raízes possuem fios com nós e assim me fizeram. Não sou Homem, sou feita de vários "nós": nós da minha mãe, da minha avó, do meu pai, que em suas filosofias de resistência me ensinaram a amarrar os meus e torna-los fortes para sobreviver na estrutura Homem. Às vezes, confesso, amarro-me a eles, afinal, o que seria mais forte do que as lãs primordiais de minha formação?