À sombra do Juazeiro
Lá no Juazeiro, cidade escondida
Pacata e tranquila.
O sertão encontra a sua alegria
Na vida, um mistério, uma sombra antiga.
Com tantas histórias, tão longas memórias,
A vida se pinta de belas canções.
No peito do sertanejo valente,
Saudades e sonhos se fundem em tons.
Na margem do rio, de águas serenas,
Um barco se arrasta, buscando destino.
Seu capitão, um homem valoroso,
No peito a coragem, no olhar o desatino.
No cais, a morena esperando ansiosa,
Seu amor partira, levado no barco.
Promessas de eternas juradas ao vento,
No peito, sozinha, o coração tão arco.
O vento que sopra traz lembranças frias,
Sussurra o passado, os sonhos desfeitos.
À sombra, ela vagueia
Caçando a esperança que voa leve.
Chega um dia, o barco retorna,
Balança no rio com sinais de dor.
A morena corre, o peito acelerado,
Notícias trazidas, alegria e pavor.
Seu marido voltou, mas em outros braços,
As juras de amor quebraram como cristais.
O Juazeiro agora sangra,
Sobre as pedras secas, derrama seus ais.
E ela resolve, com a lua corajosa,
Buscar o seu rumo, fugir da tristeza.
Na sombra deixa as mágoas,
Rumo à aventura, na noite, com certeza.
E nunca mais a vemos no rio,
O amor que se perde, a lágrima seca.
Mas a menina valente,
Seguiu seu caminho, encontrou sua meca.
História do sertão, sombra do Juazeiro,
Em versos e notas, vivendo o passado.
No coração sertanejo ela brilha,
A poesia tocada, o amor eternizado.