HORIZONTE
HORIZONTE
A Caminhar pelas ruas vi pessoas vestidas
Elas talvez pensassem que não estavam
Realmente nuas. Não conseguiam esconder
A vaidade que sentiam ao caminhar como
Se estivessem cobertas. Cobertas da mais
Rútila esperança. O olhar distante deseja
Alcançar mais depressa alguma coisa
Distante a buscar. Algo distante do apoio
Das mãos que mais pareciam estar no topo
Dos braços esticados, mas que, realmente,
Estavam ao lado do corpo. Da força
Absorta em pensamentos detidos em ter
Ter mais conforto, mais velocidade nele,
No carro, para quê??? Não são pilotos
De corrida, chegar mais depressa onde???
Para quê??? Aí estão elas na pressa das
Esquinas, nos fins de semana na piscina
Ou na praia sem ver a onda partir, voltar
Em direção ao mar. Quantas de poesia
Perdem no olhar que não vê. O Paraíso
Tão perto, mas, cadê o tempo do olhar
Que não foi programado para ver???
Sabem elas onde as nuvens escondem
Por momento, o sol??? O sabor do
Sorvete é sorvido antes de tê-lo em mãos
A ansiedade por voltar não as permite
Que estejam onde estão. Querem fruir
O olhar na paisagem. O espectro mental
Mas nem sabem definir ao certo se cabe
Mesmo em sua visão. Está na hora
Está na hora de voltar par a rotina, sim
O trabalhar o ganha-pão. Uma força
Força estranha, os impele a perseverar
Quem sabe até progredir. Limpam-se
Os pés da areia da praia. Os trecos estão
Em mãos, já dentro do carro, a sensação
Do dever cumprido, quando não havia
Nenhum encargo a competir. O pé ativa
O acelera dor. Estão de volta pra casa.
Quem gostaria de ter essa consciência
De si mesmo, e alimentar sentimentos
Que poderiam ter um sabor de dor???
Talvez não saibam o quanto estariam
Próximos à verdade do bem-estar
Estivessem par com o próprio amor.