Ser bom ou mal é questão de escolha
Ah, eu mudei. Sim, podem dizer que eu mudei.
As pessoas não estão acostumadas a ter amor, a ter respeito, a ter verdade, sinceridade, não.
Clamam por algo que desconhecem, que nunca experimentaram.
E quando encontram, não acreditam, ou até acreditam; mas essas coisas boas trazem conforto, um conforto tão grande que é como se estivessem diante de uma gigante porta aberta para o permissivo, para a liberação total, para a Anarquia institucionalizada.
Ah, fulana é tão boa, tão legal, tão de boa, que eu posso, entrar na vida dela, entrar na casa dela, entrar na intimidade dela, entrar no coração dela, até entrar no corpo dela e barbarizar.
Fazer o que eu quiser, quando quiser, como eu quiser, porque ela é ótima, ela é maravilhosa, ela não fala nada, não reclama de nada, não questiona nada, e se tudo isso fizer... Ah, ela não tá falando sério, se chateia mas amanhã tá de boa, tá tudo normal de novo.
Ah, não é assim. Engana-se quem pensa que ser boa é ser idiota. Nos tratam como patética, claro, porque muitas vezes, temos mesmo atitudes patéticas.
Ser bom ou ruim é uma questão de escolha. Afirmar que alguém por ser bom é burro, besta, idiota, é subestimar a nossa capacidade de percepção. Somos observadores, somos humanos, somos sensíveis, somos audíveis.
O problema é que queremos enxergar o mundo com os olhos do coração. Do nosso coração cheio de amor, afeto, carinho, compreensão, empatia , gratidão, respeito, perdão, e não queremos acreditar no que vimos, ouvimos, sentimos, pressentimos.
Fica inacreditável para nossa concepção como existam pessoas capazes de mentir, enganar, trair, tirar proveito da sua confiança liberada com tanto afinco!
Daí, vem os fatos, as visões, as audições, de tudo que outrora cobrimos com uma peneira, vindo como uma onda gigante, revolta, trazendo à tona toda uma competência para a perversidade que nós sabemos que temos, mas suprimimos pela nossa empatia, por saber como dói tudo o que recebemos.
É quando liberamos o monstro engradado dentro de nós, tirando todos os filtros, todas as algemas, descemos do salto, rodamos a baiana, surtamos, enlouquecemos, enfim, mudamos.
Não meus amores, não mudamos, soltamos quem fazemos questão de prender, nossa outra metade, nosso lado obscuro, nossos ressentimentos. Com todo veneno que engolimos ou injetaram nas nossas veias.
Ser bom ou mal é questão de escolha, nunca provoquem o monstro que uma pessoa boa faz tanta força pra matar, porque a maldade pode conhecer a bondade e se redimir, mas a bondade uma vez transformada, jamais será a mesma.