CARTA ABERTA SOBRE A VIDA
Eu amo cada traço meu, cada ponto e vírgula.
Sou um amontoado de medos, incertezas, dúvidas e poucas certezas. Sou como uma tempestade de final de verão. As vezes não me reconheço, ora sou lua cheia, ora minguante. Mas aprendi que não importa o céu o que verdadeiramente enfeita o firmamento é o brilho das estrelas.
Sou poeta, errante e aprendiz.
Amiga do tempo e amante das horas.
Minha vida é uma história escrita em linhas tortas que aos poucos se distorceram. Acertei o passo e mesmo sem enxergar nenhum degrau subi uma escada inteira.
Hoje aceito meus defeitos com a sabedoria dos loucos e consagro minhas virtudes com a intensidade das crianças.
A liberdade é minha fiel companheira, em nossa relação íntima cabe qualquer um que tenha o coração mais leve que uma pena.
Com o contar dos anos me desprendi das mágoas e curei minhas próprias feridas, ninguém o faria então eu fiz. Perdoei a quem me feriu e não imaginava que o mais difícil seria perdoar a mim mesma.
Na dança insensata do destino preferi tirar os sapatos e dançar com os pés no chão. Quanto mais alta a música mais eu podia me ouvir, embora minha voz fosse quase um sussurro.
Por vezes adentrei nas profundezas do desespero e foi lá que conheci mais de mim e muito pouco dos outros. Então despi as vestes e nua percorri as estradas íngremes do autoconhecimento.