Desfeitura
A vida, com suas deformidades
Forçou-me a duvidar da permanência
Num mundo de constante inconsistência
De quaisquer unanimidades.
Deformava-me, e a cada deformação
Era como a serpente que a carne come
De si mesma, e a si mesma consome:
Ouroboros da indigestão.
A vida era sempre essa besta impura...
E assim tornei-me, nessa insana fluidez
O que o mundo, ao não fazer-me, fez:
O ápice empírico dessa desfeitura.