A Ilusão do Livre Arbítrio
Na aculturada logica do pensar racional, a magia da enganação sustenta o todo imaginário como fonte de verdade não relativa, concreta como rocha a mercê do esculpir diário das fontes de informação.
Da morte do homo sapiens nasceu o homem enganação, tão enganador que engana a si mesmo, em busca de um significado para si, um mentiroso contumaz que determina a sua visão de realidade como fonte de sua imanência egoística.
Renascido das sombras, das cinzas do bem, renasce a fênix, linda e leve, forte e justa, o bem supremo, determinado pelo espelho, e quem discordar da determinação da imagem será punido, cancelado de existência, então não seria assim que vemos pombas acreditarem ser lendas místicas, todos os dias?
Tudo vira vazio nessa necessidade de creditar a si sabedoria, necessidade de emitir opiniões infundadas senão na própria imoralidade enganadora de nossa existência.
Redes sociais que afloraram o verdadeiro homem, autoritário contra aqueles que não se sujeitam aos seus desmandos opinativos, não seria por isso que tantos e tantos autoritarismos no mundo são apoiados?
Das raízes de si esvai o veneno contra o mundo, destituindo significados em significações ilusórias ao todo, verdadeiras ao eu supremo.
Da afronta ao mundo, da concepção medica psiquiátrica de que todos são determinados pelo inconsciente, algo inexplicável, impalpável, mas que reafirma o ego como única possibilidade de cura, ao místico olhar da programação de novas tecnologias, como se dessas fossem transformados em arquitetos da Matrix, essa concepção tão antiga quanto o homem, e que ilude em um aquele que pensa estar liberto.
Aqui o liberto está preso em sua própria concepção, e o preso esta liberto dos outros senão de si mesmo, afinal o dogma do livre arbítrio ainda permeia todas as estruturas de enganação que sustentam o conhecimento racional.
Empíricos que não conseguem vivenciar o mundo senão atrás das grades de seus pensamentos, racionalistas que não conseguem permear a existência de forma logica, somos o que negamos e a todo segundo seremos o que não fomos, mas nunca, nunca senão com base na liberdade condicionada.
Choque grande para os iludidos, choque maior para aqueles que acreditam nisso a chave para alguma liberdade, não há senão a resiliência como chave de existência, e diante disso não há salvação para a ilusão, pois da caverna não há saída, há apenas antessalas incompletas de significado, com portas de possibilidades de novas ilusões, com isso não estou negando a verdade, não há negação de que haja a realidade, há apenas convicção de incapacidade do homem de alcançá-la.
Em todas as chaves de ilusão, haverá os indícios necessários para tais afirmações, mas nada mais do que isso, portanto no fim, no apagar das luzes e nos segundos que antecedem o sono todos estão, de certa forma, como um do seu jeito, a sua divindade idolatrada, o dogma está em todos, senão a partir de algo pelo qual ninguém pode fugir.
Não há saída de si, o livre arbítrio não alcança o tempo e a condição, não perpetua vontades intencionais, somos o que somos, e de nossa natureza não há saída, mesmo que todos fujam de si adentrando as entranhas do pensar, julgando ser seu próprio ser místico, seremos sempre insignificantes animais, que centelham em possibilidade de contato com a criação, esse caminho só possível através do amor, do verdadeiro amor, pois no amor não há racionalidade que explique.