oxigênio
do mais profundo átomo do meu corpo vem a súplica
e o inquieto adormece
o mesmo sol se põem
a mesma lua se levanta
mas esse breu é diferente
os vira-latas não latem
os bebês não choram
os vizinhos não brigam
minha cama hoje muda
um marrom-fofo da terra firme
o som do silêncio se quebra pelos intervalos de uma pá enferrujada
e eu anseio pelo amanhã
tic, tac
tic, tac
tic, tac.
mas o amanhã não vem
eu não lembro das promessas
e o futuro não existe
eu esqueço dos vira-latas
eu esqueço dos bebês
eu esqueço dos vizinhos
e o passado não existe
só existe o tempo, só existe a vida
tic, tac,
e eu esqueço o tempo
oxigênio
e eu esqueço a vida.