Faceta deslindada

O convívio, gerado pela inesperada reaproximação, desfez a magia que era existente. O encanto de outrora foi esmigalhado pela verdadeira faceta que apareceu. A visão que havia sido construída pelos poucos anos e esporádicos momentos juntos era irreal. As palavras doces, antes constantes, se diluíram na verdadeira estupidez e grosseria que era ocultada; e, agora, só aparecem raríssimas vezes e de forma falsa. É evidente, antes, por não ter proximidade constante, não era tão difícil esconder a podridão que constitui seu ser; mas ficou inviável, complicado e cansativo manter a farsa com a convivência. Resolveu se mostrar, não faz questão de ocultar mais nada, como antes fazia; e não perde oportunidades para consolidar o que escondia. É como se tirasse uma máscara em cada situação que destila sua personalidade ignorante dizendo: "essa é a minha verdadeira face para essa ocasião e pouco importa se vai gostar ou não".

Todas as revelações decepcionantes, que antes seria incapaz de perceber, geram questionamos momentâneos, onde a resposta surge ferozmente mostrando seu caráter e personalidade disformes. Anteriormente, sua versão para certos acontecimentos eram inquestionáveis, mas tenho a sensação que todos os seus desafetos estavam com a razão; e noto que apenas comprei suas histórias pelos sentimentos e emoção de uma vã ilusão.

O carinho que emanava naturalmente de mim se esvaiu, se retraiu diante sua verdadeira face; porém, do seu lado, afirmo que quase tudo era feito por algum motivo específico. Por algum interesse, não? "Ninguém faz nada de graça ou sem querer algo em troca". Curioso como algumas pessoas enxergam as outras da mesma forma que elas são. Talvez para tentar amenizar um pouco o caráter deformado que porta, e que não faz esforço nem se permite melhorar. A confirmação para tudo é obtida quando a sua ausência mostra com nitidez a paz e calmaria que sua presença afasta.

A decepção não ganha contornos maiores, pois, tenho ciência que pessoas decepcionam as outras; e ainda que dilacerante, sempre creio ser melhor uma verdade cruel do que uma mentira que afaga. Talvez regressaremos ao estado de 'nuvens passageiras', que se afastam para longe, cumprindo um papel que parece inútil.

Dentro do otimismo que costuma me dominar, dobro os joelhos em pedidos específicos quando, por você, estou a orar. Mas, um sensor de alerta aparece para informar sobre a realidade e algo joga todo o idealismo que carrego no chão; mostrando que nem mesmo uma forte comunhão poderá ser capaz de mudar quem não faz questão.

Edu Sene
Enviado por Edu Sene em 08/10/2023
Código do texto: T7904272
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