Urios

Como haveria de ter-me, se não sou? Como poderia supor que "isso" sou eu, se o significante sempre é significante a "outros"? Que outros suporias? Que significante admitirias? O de Saussure? Não, nada é jogado, não há aqui "nesse lugar" apelo à ignorantia, fujam, fujam daqui. Vós não sois bem-vindos. Não há espaço aqui para erística. Não há espaço aqui para "crenças vazias", não há espaço aqui para suposições burras. Nós, Uriens, queimamos e devoramos pelas chamas todos aqueles que estão entre qualquer coisa. Entre saber e não saber. Entre ter e não ter. Entre parecer e não parecer, pois estes, em última instância, estão entre ser e não ser. E aos mornos entregamos o nosso ódio e Furiae. Não há no mundo nada que não esteja onde deva estar, mas estar não pressupõe "ser" como um "atributo" indivisível, estar pressupõe ordem, que por sua vez significa: manter ao manter-se, isto é, não interromper o fluxo das coisas. Assim, ser é estar-em-ordem. Porém, essa ordem não pressupõe esvaziar-se de si mesmo em prol de uma forma alienante, onde esse outro é vazio, sem nome próprio, sem identidade "real", apenas simbólica, isto é, possui apenas uma estrutura que nos diz como ele "acontece" conjuntamente com o processo de conceituação. Contudo, não se faz necessário entregar-se nos cumes do desespero, pois "há o real como possível", que é justamente aquilo que sempre diz ou que sempre é "passível" de conceituação. Nos resta apenas o breviário de nossas vidas, que é "em" decomposição.

É importante distinguir que, ao utilizar o termo aristotélico atributo, estou me aproximando muito mais de uma visão de categorização pela observação de um predicado que caracteriza, a priori, um determinado objeto do que do essencialismo. Contudo, esse a priori se dar pelo campo da semântica, digo, não há sequer algum juízo que seja confiável a respeito do ser quando o tratam a parte do discurso, discurso esse imerso na dimensão temporal e pelas concepções de espaço. Assim, digo, o vocábulo estar já pressupõe em si (por completude e consistência) ser. Em outros termos, ambos são obtidos por derivações com respeito a um terceiro "elemento", existir. Ou por outra, para estar pressupõe-se ser, para ser pressupõe-se existir e para existir é "necessário" estar. Isto é, faz-se necessário algo estar localizado espacialmente e temporalmente, pois a determinação da coisa dar-se frente o percebido e para perceber é necessário a percepção, que requer o "externo" ou a exterioridade. Por fim, é justamente este elemento que nos faz paradoxalmente (por causa da contingência) não "implodir" ao nos direcionar ao outro e ao mundo. Fugindo, pois, do ressentimento (não nietzschiano) e nos direcionando a luz da espontaneidade.

Darach
Enviado por Darach em 08/10/2023
Código do texto: T7903947
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