OMBRO E SILÊNCIO

Dava pra ver em seus olhos que algo não estava bem. Mas o que seria?

Ela não dizia nada e ainda afirmava que não tinha nada e que tudo estava indo muito bem.

O que seria então essa melancolia plantada em seu olhar?

Um olhar ausente, de quem se foi e esqueceu algo aqui.

Nem um sorriso, nem uma lágrima, apenas um silêncio ensurdecedor que me atingia e me causava desconforto.

Ofereci o ombro, o colo, ofereci palavras de conforto, mas nada do que fazia a tirava daquela introspecção.

Coloquei músicas, de todos ritmos e gêneros, nem por generosidade ela sorriu.

Então fiquei ao seu lado em silêncio, aquietei a alma, cerrei os olhos, os lábios embora úmidos, mas unidos, nem uma palavra. Só ouvia sua respiração leve e profunda.

Foi quando ela colocou a cabeça em meu peito e deixou as lágrimas caírem, sem temor, sem preconceito e sem explicação.

Continuei em silêncio, quieto e pensativo em tudo que se passava.

Foi quando ouvi sua voz doce e serena, a voz que eu gostava de ouvir.

Eu não precisava de palavras, gestos e nem músicas. Precisava simplesmente de um ombro silencioso que ouvisse o que o meu silêncio tinha a dizer.

Só então pude entender que as vezes precisamos sentar ao lado das pessoas e ficar em silêncio.

O silêncio é a linguagem de alma para alma, a linguagem do coração que não precisa de palavras.

Ela enxugou as lágrimas, me deu um forte abraço, um beijinho leve e silencioso.

Obrigado por me ouvir, era só isso que precisava. Tchau!

Eu só olhava, não tinha nada a dizer!

Tião Neiva

TIÃO NEIVA
Enviado por TIÃO NEIVA em 05/10/2023
Código do texto: T7901720
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