Maldita ilha
Argumentar o caos e câmeras de piscinas não nos cabe mais, a areia amarela já esfriou e foi cedo, só restou a água fria. Qual o meu problema de tanto pensar na ilha? Talvez quisesse ter existido nesta fase, mas eu tinha tão pouca idade, nem moço eu era! Antes sêsse, se antes fosse, eu seria. Além disso, pouco mais, quem sabe? É só um jogo de palavras para te confundir.
Não sabia que existia café fora do tom antes de te conhecer, hoje sei que outras coisas vivem fora do tom, estranho, mas real.
Eu cansei de fazer as coisas rimarem, terem forma, de serem melódicas. Palavras ferem também, eu sei, elas cortam, rasgam, dilaceram o peito a fora. Mas o silêncio, minha pequena, ele enlouquece as pessoas! Causa uma sensação de ser primitivo. É como uma linha guia sem fim, te arrastando no escuro dos seus pensamentos cubistas e não há como aproveitar a queda.
Te vejo de novo no mundo dos desacordados, sorridente como sempre; boca de um milhão de dentes, arqueados e límpidos como sua alma. Eu venho te colocando em pauta quando acendo minhas velas. Agradeço por não ouvir certas músicas, mas te vejo nos meus cancioneiros de cá.
Mais uma vez, estava eu, mentalizando, a vendo dançar nas dunas, mas não essa coisa pop. Algo suave com movimentos sinuosos, como pinceladas no ar. Como eu queria estar lá. Maldita ilha! Que a queimem ou a água a engula e a transforme numa Neoatlântida, mas mesmo que a esqueçam, ainda terei vontade de aquilo ter vivido.