Teatro contemporâneo
PAREM!
Essa espetacularização da dor é ridícula. O tempo passou e as pessoas ainda sentem uma necessidade de se entreter com o sofrimento alheio.
Pare!
Devorar a dor, ruminar a dor alheia, enquanto o enfermo ainda se maqueia de amor, de fingimentos. O amor próprio também está sendo devorado, em sangue e carne fresca.
Pare.
Hoje o sujeito se veste de boas expressões, amanhã, ele está munido de novas armas para se tornar mais um devorador de dores.
Pare ...
afinal a cura também requer lamber as próprias feridas. O bálsamo que cicatriza não pode ter o mesmo rótulo do veneno que feriu.