Teatro contemporâneo

PAREM!

Essa espetacularização da dor é ridícula. O tempo passou e as pessoas ainda sentem uma necessidade de se entreter com o sofrimento alheio.

Pare!

Devorar a dor, ruminar a dor alheia, enquanto o enfermo ainda se maqueia de amor, de fingimentos. O amor próprio também está sendo devorado, em sangue e carne fresca.

Pare.

Hoje o sujeito se veste de boas expressões, amanhã, ele está munido de novas armas para se tornar mais um devorador de dores.

Pare ...

afinal a cura também requer lamber as próprias feridas. O bálsamo que cicatriza não pode ter o mesmo rótulo do veneno que feriu.

AndoOliveiras
Enviado por AndoOliveiras em 01/10/2023
Código do texto: T7898686
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.