"Sobre Eternidade"

O tempo passou e hoje emociono-me diante das mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano.uma música, o som de uma cachoeira um toque de um violão o cheiro de fumaça de um fogão a lenha ou do capim gordura molhado com sereno da noite ...

Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que permaneceu além do tempo.

A capacidade de se emocionar vem daí, quando nossos compartimentos são escancarados de alguma maneira...

Um dia você liga o rádio do carro e toca uma música qualquer, ninguém nota, mas aquela música já fez parte de si – foi o fundo musical de um amor, ou a trilha sonora de uma fossa – e mesmo que tenham se passado anos, a sua memória afetiva não obedece a calendários, não caminha com as estações; alguma parte de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, aquela época...

Fomos criados com um baú de memórias que tem a delicadeza de preservar principalmente os momentos bons e que sejam mesmo somente eles por nós lembrandos !