Seu nome
No tempo espaço, entre vibrações despercebidas, há um milionésimo de segundo que uma força divina opera milagres.
Você já sentiu uma luz acender dentro de você? Eu já, e apagar também.
Eu queria presenciar um foguete indo para o espaço.
Queria ir para o interior plantar.
Preciso de algo absolutamente concreto agora.
Buracos negros e física quântica me tiram o foco.
Eu já quis aprender a lutar esgrima sabia?
Ah, e eu não sei jogar xadrez. Nem nada de cartas.
Embaralhou tudo aqui.
Olha que loucura. Pensei em escrever seu nome.
Seu nome está na minha boca, é um canto constante, um mantra, uma oração, já nem sei
Mas sei que preciso falar seu nome, transcender sua essência, pensar em você,
atravessar desertos, estocar comida, ficar com sede, sentir sangue na boca,
tomar um soco no rosto, ralar o joelho, vento forte que dá medo, transpiração, sexo, medo de escuro, confusão, hiperventilação, sobreviver.
Trem no trilho, medo de ser atropelada, eu sei qual a sensação de cair no abismo, eu não sei escrever mas escrevo, queimadura na mão, sol forte. Fechar os olhos, atravessar noites em claro, estrelas cadentes, nunca vi nenhuma.
Reflexos em espelhos, fugir da própria sombra, purificação, ajoelhar, leitura de tarô, sinfonia, eu acredito em anjos da guarda, você não?
Marcapasso, como é viver com isso? Ser atropelado. Espadas, lança-perfume, jatos, extintores, fogo, vidraças quebradas, alucinação, metamorfose, borboleta bruxa, lagartos, sonhos, pular de paraquedas, arranhão, álcool, esperança, sinergia, empilhar coisas, quinquilharias, livros velhos, baús, sobras, hélice, trilha, barranco, moribundos, mendigos, hospitais lotados, criança chorando, medo de avião.
Eu acho que sou capaz de escrever sobre o céu e o inferno aqui mas não vou escrever seu nome.
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