AUTENTICIDADE

 

O que no tempo infalível seria no que jamais enganaria

e, portanto, decretado também seria como “verdade absoluta”?

A se concluir que nunca, então, mudaria?!

Sei lá!

 

Certezas ... no mundo?

Certezas ... absolutas?!

E haveria (no que seria possível) uma “certeza relativa”?

Decerto que [tal] seria um absurdo

 

Certezas!

Oh! se [eu] tenho certeza [aqui] d’alguma coisa?

Não, nenhuma

Ou melhor: de cois’alguma

E será que alguém [no tempo] tem certeza ... d’algo?

Ah! Pouco me importa o que os outros pensam

Ou se amparam (suas vidas) em suas “certezas”

Bem, o que cad’um acredita não é problema meu

 

E digo mais:

Prefiro mil vezes as minhas dúvidas ... que as certezas dos outros

Até porque “certezas alheias” não são, portanto, minhas

E se nem sei se tenho certeza [aqui] d’alguma coisa (como antes disse)

não estou nem aí pelo qu’eu sou:

Descrente de tudo

 

Não acredito em tudo o que [os] outros acreditam

Ou, direi melhor:

Não acredito em tudo só porque todo mundo (menos eu) acredita

E até reforço [no que digo]:

Não acredito em nada no que quase todo mundo acredita

Se eu dissesse o contrário (qu’eu, então, acreditaria), estaria mentindo

E o pior: estaria mentindo ... para mim mesmo

E estaria, portanto, traindo a mim mesmo

 

Mas, será que as pessoas estão de fato seguras com suas “certezas”?

Pois bem, se analisarmos bem a maioria (senão todos) também

não acredita

Apenas “diz” que acredita

Talvez [e somente] para que não seja afastado do espaço vivente

Considerando que cada espaço tem seu credo [abrangente]

E ai d’aquele que não fizer [d’ele] parte

Ou que manifesta uma “opinião contrária” (divergente) do “credo popular”

Este a ser tido até por “sagrado” (as "convicções" sociais que dão "segurança"

a todos!)

A se saber que quem demonstra um ponto de vista pessoal (e, sobretudo,

"diferente") é rotulado como "herege", alguém perigoso, agitador ...

E que precisa ser, dado ao que [ele] expressa e divulga, "eliminado"

(Ser carta fora do baralho)

 

Contudo, a verdade é esta:

A maioria diz (da boca pra fora, e somente) que acredita

Mas, nos movimentos do viver cad’um revela o seu real credo

Que geralmente se opõe ao que se diz acreditar

Sim, da vida de praticamente todo mundo a ser “uma contradição”

Vivendo, consequentemente, “hipocritamente”

 

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E, assim, direi [em minha autenticidade]:

Não tenho certeza [aqui] d’alguma coisa

Na verdade, de cois’alguma (de nada)

No tempo as coisas costumam mudar

E como mudam!

E se [elas] mudam] eu também mudo

A ser como [eu] acho certo

Sim, “quando” [elas] mudam ... eu também mudo

Quando eu vejo que minhas antigas certezas caducaram e morreram

 

O que faz alguém entregar sua vida a outrem que não seja o deixar de

confiar em si mesmo e, assim, abrir mão do próprio pensar e poder?

Deixa, pois, alguém de acreditar em si e eis que ofenderás a Vida

Esta mesma que colocou a “confiança” em todos [nós]

Ou será que maioria permitiu que o mundo [nos] a roubasse?

 

Não, não confio [minha vida] cegamente a alguém

Não ponho minha mão no fogo por pessoa’alguma neste mundo

(Em ninguém)

Todo mundo é um cofre onde cad’um guarda o seu segredo

Sendo assim, se [eu] não conheço o seu segredo

(o qual tu não me revelas) por que [eu] deveria confiar em ti?

Se destarte o faz é porque [também] não confias em mim

Se confiasses revelaria para mim os teus segredos

Sendo assim, é a “lei da reciprocidade”:

Eu não confio em ti e tu não confias em mim

(Sim, e vice-versa)

Onde, no espaço de nossa, pois, convivência, desconfiamo-nos

reciprocamente

Já que ninguém entrega ao outro suas confidências

E a se tornar paranoico o nosso espaço!

 

E nest’hora alguém pode me perguntar:

Por que tu és “assim”, como que a suspeitar de todo mundo?

Ao qu’eu o responderei:

Eu já acreditei em muitas pessoas, e quase todas me decepcionaram

Confiei no padre, na irmã de caridade e no pastor onde acreditei que [eles]

eram santos, puros, virtuosos e retos

Acreditei que o advogado fosse um ser devoto pela justiça

(E o que não dizer de juízes, desembargadores, magistrados ...?)

Achei que o policial fosse alguém íntegro e que não se venderia

aos bandidos da cidade

Cometi o erro em achar que o médico fosse um ser piedoso e misericordioso

(A que sacrificaria seu tempo e sua vida pelos seus pacientes!)

Tive fé no político e em suas [messiânicas] promessas

Acreditei que o professor amasse seus alunos e seria a voz que reformaria

o mundo

Enfim, acreditei e esperei em muita gente

A pensar comigo mesmo que eram "exemplos de pessoas"

E, deste modo, a achar que eram pessoas justas, imaculadas e decentes

Mas, em todos eles quebrei a minha cara

Até nos amigos de convivência e “de camaradagem”

Quando era (e sempre fui) legal co’eles, mas [eles] não eram fiéis comigo

Ao que lhes faltavam comigo co’as suas palavras e compromissos

E, em razão disto, desonravam nossa amizade

 

E hoje, por isso, eu só confio n’uma única pessoa:

Em mim mesmo

E só em mim espero (e em mais ninguém)

 

 

Carlos Renoir

Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2023

 

ILUSTRAÇÕES: FOTOS PESSOAIS (TIRADAS DE CELULAR)       

 

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FORMATAÇÃO SEM AS ILUSTRAÇÕES 

 

AUTENTICIDADE

 

O que no tempo infalível seria no que jamais enganaria

e, portanto, decretado também seria como “verdade absoluta”?

A se concluir que nunca, então, mudaria?!

Sei lá!

 

Certezas ... no mundo?

Certezas ... absolutas?!

E haveria (no que seria possível) uma “certeza relativa”?

Decerto que [tal] seria um absurdo

 

Certezas!

Oh! se [eu] tenho certeza [aqui] d’alguma coisa?

Não, nenhuma

Ou melhor: de cois’alguma

E será que alguém [no tempo] tem certeza ... d’algo?

Ah! Pouco me importa o que os outros pensam

Ou se amparam (suas vidas) em suas “certezas”

Bem, o que cad’um acredita não é problema meu

 

E digo mais:

Prefiro mil vezes as minhas dúvidas ... que as certezas dos outros

Até porque “certezas alheias” não são, portanto, minhas

E se nem sei se tenho certeza [aqui] d’alguma coisa (como antes disse)

não estou nem aí pelo qu’eu sou:

Descrente de tudo

 

Não acredito em tudo o que [os] outros acreditam

Ou, direi melhor:

Não acredito em tudo só porque todo mundo (menos eu) acredita

E até reforço [no que digo]:

Não acredito em nada no que quase todo mundo acredita

Se eu dissesse o contrário (qu’eu, então, acreditaria), estaria mentindo

E o pior: estaria mentindo ... para mim mesmo

E estaria, portanto, traindo a mim mesmo

 

Mas, será que as pessoas estão de fato seguras com suas “certezas”?

Pois bem, se analisarmos bem a maioria (senão todos) também

não acredita

Apenas “diz” que acredita

Talvez [e somente] para que não seja afastado do espaço vivente

Considerando que cada espaço tem seu credo [abrangente]

E ai d’aquele que não fizer [d’ele] parte

Ou que manifesta uma “opinião contrária” (divergente) do “credo popular”

Este a ser tido até por “sagrado” (as "convicções" sociais que dão "segurança"

a todos!)

A se saber que quem demonstra um ponto de vista pessoal (e, sobretudo,

"diferente") é rotulado como "herege", alguém perigoso, agitador ...

E que precisa ser, dado ao que [ele] expressa e divulga, "eliminado"

(Ser carta fora do baralho)

 

Contudo, a verdade é esta:

A maioria diz (da boca pra fora, e somente) que acredita

Mas, nos movimentos do viver cad’um revela o seu real credo

Que geralmente se opõe ao que se diz acreditar

Sim, da vida de praticamente todo mundo a ser “uma contradição”

Vivendo, consequentemente, “hipocritamente”

 

E, assim, direi [em minha autenticidade]:

Não tenho certeza [aqui] d’alguma coisa

Na verdade, de cois’alguma (de nada)

No tempo as coisas costumam mudar

E como mudam!

E se [elas] mudam] eu também mudo

A ser como [eu] acho certo

Sim, “quando” [elas] mudam ... eu também mudo

Quando eu vejo que minhas antigas certezas caducaram e morreram

 

O que faz alguém entregar sua vida a outrem que não seja o deixar de

confiar em si mesmo e, assim, abrir mão do próprio pensar e poder?

Deixa, pois, alguém de acreditar em si e eis que ofenderás a Vida

Esta mesma que colocou a “confiança” em todos [nós]

Ou será que maioria permitiu que o mundo [nos] a roubasse?

 

Não, não confio [minha vida] cegamente a alguém

Não ponho minha mão no fogo por pessoa’alguma neste mundo

(Em ninguém)

Todo mundo é um cofre onde cad’um guarda o seu segredo

Sendo assim, se [eu] não conheço o seu segredo

(o qual tu não me revelas) por que [eu] deveria confiar em ti?

Se destarte o faz é porque [também] não confias em mim

Se confiasses revelaria para mim os teus segredos

Sendo assim, é a “lei da reciprocidade”:

Eu não confio em ti e tu não confias em mim

(Sim, e vice-versa)

Onde, no espaço de nossa, pois, convivência, desconfiamo-nos

reciprocamente

Já que ninguém entrega ao outro suas confidências

E a se tornar paranoico o nosso espaço!

 

E nest’hora alguém pode me perguntar:

Por que tu és “assim”, como que a suspeitar de todo mundo?

Ao qu’eu o responderei:

Eu já acreditei em muitas pessoas, e quase todas me decepcionaram

Confiei no padre, na irmã de caridade e no pastor onde acreditei que [eles]

eram santos, puros, virtuosos e retos

Acreditei que o advogado fosse um ser devoto pela justiça

(E o que não dizer de juízes, desembargadores, magistrados ...?)

Achei que o policial fosse alguém íntegro e que não se venderia

aos bandidos da cidade

Cometi o erro em achar que o médico fosse um ser piedoso e misericordioso

(A que sacrificaria seu tempo e sua vida pelos seus pacientes!)

Tive fé no político e em suas [messiânicas] promessas

Acreditei que o professor amasse seus alunos e seria a voz que reformaria

o mundo

Enfim, acreditei e esperei em muita gente

A pensar comigo mesmo que eram "exemplos de pessoas"

E, deste modo, a achar que eram pessoas justas, imaculadas e decentes

Mas, em todos eles quebrei a minha cara

Até nos amigos de convivência e “de camaradagem”

Quando era (e sempre fui) legal co’eles, mas [eles] não eram fiéis comigo

Ao que lhes faltavam comigo co’as suas palavras e compromissos

E, em razão disto, desonravam nossa amizade

 

E hoje, por isso, eu só confio n’uma única pessoa:

Em mim mesmo

E só em mim espero (e em mais ninguém)

 

Carlos Renoir

Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2023

Carlos Renoir
Enviado por Carlos Renoir em 17/09/2023
Reeditado em 17/09/2023
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