Os guardiões da Mediocridade ou Assim Caminha a Mediocridade

Antes de todas as inovações, descobertas e revoluções em qualquer campo do conhecimento, sempre encontramos o que pode ser chamado de Guardiões da Mediocridade. Estes tem o prezado e valorizado papel de manter tudo que tem sido feito e formas de se fazer conservadas e intocadas. O Guardião da Mediocridade extrai sua importância social das preocupações que os indivíduos medianos, ou menos que isso, tem de dar um passo a mais naquilo que faz - fugindo assim para a segurança e a aprovação daqueles que não precisam das mudanças e se acomodaram com as coisas como são.

Afinal, para fazer o que todos já esperam é só fazer o óbvio, e para fazer o óbvio não é preciso muita inteligência.

Por mais que alguns privilegiados intelectualmente, ou amaldiçoados, não compactuem com esse tipo de comodismo, a maioria prefere aprender uma rotina, uma receita de bolo, protocolos, pois na ausência de uma inteligência superior em termos de intuição, lógica e criatividade, a substitui pela segurança daquilo que já é um consenso, do que é esperado do que aparentemente sempre foi assim.

Não sem motivos que a burocracia, em seu sentido mais amplo, é aversa a mudanças e inovações. Ela é antes de tudo covarde, pois qualquer avanço que vemos na mesma depende de anos de insistência, práticas e experiências de outros para daí ao ver os resultados e estar completamente certa de seus êxitos, ela acatar gradualmente o que anos ou mesmo décadas os inovadores e inteligentes tentaram a duras penas desenvolver e engajar a sociedade.

Após os outros pagarem o ônus de uma luta por desenvolvimento, transformação e inovação de um campo, o medíocre após receber a ordem explícita da burocracia para que mude, a faz com muitas queixas e medo da punição. Ele diz como que se redimindo de sua culpa pela cumplicidade na mudança: "estão acabando com tudo mesmo...", "por isso hoje as coisas não funcionam", "no meu tempo...", ele lava suas próprias mãos de tamanha monstruosidade que é o sacrifício da mediocridade.

Inovações, descobertas e transformações positivas para a sociedade são obras de pessoas cuja a inteligência e ideias se encontram acima dos pensamentos, valores e capacidade das pessoas comuns. Os inovadores fundamentam sua ousadia em seus pensamentos e valores superiores, algo praticamente impossível aos medíocres - que dependem de um fundamento nos costumes, na repetição, no uso comum e nas tradições para obter daí a segurança no que fazem e realizam.

A primeira dificuldade e grande barreira enfrentada por todos aqueles que pretendem inovar ou transformar significativamente algum campo cientifico, artístico ou cultural não é, ao contrário do que muitos pensam, as dificuldades inerentes a própria atividade e campo que pretendem mudar, mas a resistência que muitos medíocres colocam para qualquer coisa que implique tira-los da segurança do comum e aceitável e desloca-los para o campo do desconhecido onde as descobertas e inovações se operam.

Quanto mais uma sociedade se constitui por indivíduos que não contam com uma boa educação e liberdade por parte das instituições para pensar, acreditar, refletir e divergir, mais resistente a inovações e boas mudanças ela será. Não mudará a não ser que disso dependa a própria sobrevivência. Algumas dessas sociedades resistirão tanto aos momentos propícios a mudanças, que parecerão diante das outras algo obsoleto e antiquado, e dependerão das mais avançadas para ter a qualidade de vida e benefícios dos avanços pagando muito caro por pouco que poderão importar e assimilar de outras nações.

Por que enquanto uma sociedade medíocre suprime os inovadores e tolhem os mais inteligentes e talentosos, as outras os recebem e o incorporam em suas demandas já muito institucionalizadas por renovação, aperfeiçoamento e eficiência. Para ser mais simples e direto: se quer conhecer o nível social, cultural e tecnológico de uma sociedade, observe o espaço que é destinado aos medíocres e aquele destinado aos inovadores.

Exigir, por outro lado, de um povo, de um grande número de pessoas alguma simpatia ou capacidade de inovar, sem dar ao mesmo a liberdade e a educação necessárias para ler o mundo de forma inteligente e criativa é como lamentar o fato de um boi não conseguir voar ou de um peixe não ciscar terreno baldio.

Quando perguntamos a quem interessa tal estado de coisas e apontamos para interesses econômicos organizados politicamente, nos chamam de marxista ou comunista. Dispensa explicações sobre como isso ilustra a mediocridade e suas formas nada engenhosas de se protegerem de pensarem um pouco mais do que o comumente necessário.

Wendel Alves Damasceno
Enviado por Wendel Alves Damasceno em 11/09/2023
Código do texto: T7883344
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