O valor da presença
A gente se acostuma. Infelizmente, na vida, a gente acaba se acostumando com aquilo – ou aqueles – que temos ao nosso lado, em nossa existência, compartilhando conosco algum trecho da longa estrada. Coisas importantes se tornam habituais. Seria bom se fizéssemos do hábito algo com propósito. O problema é que tornamos o rotineiro em automático. Não nos importamos em manter conosco aquilo – ou aqueles – que um dia fez o nosso coração vibrar intensamente. E então, vítimas do cotidiano, enganados pelo costumeiro, deixamos de valorizar como único, especial e singular aquilo – ou aqueles – que realmente é único, especial e singular. Valorizamos o banal, negligenciamos o essencial, e só nos damos conta quando nos perdemos de nossa essência: quando nos resta o vazio.
“Que não seja a falta a te ensinar o valor da presença” (Autor Desconhecido)
Quantas perdas evitáveis você já sofreu em sua vida? E quando digo evitáveis são aquelas que, por uma falta de atenção, deixamos que acontecessem. Há perdas que somos impelidos a vivenciar. Quanto a essas, nada podemos fazer. Entretanto, há perdas que, através de nossas escolhas, provocamos. Seja pelo desinteresse, pela falta de intensidade, pela falta de completude, pela insistência em acharmos que nada precisamos fazer para manter conosco o que é importante. A gente se engana ao acreditar que tudo é para sempre, que o amor é eterno, que a amizade é infindável e que as conquistas são perenes. Nós nos enganamos ao nos acostumarmos com o que precisa ser renovado dia após dia. Mas a renovação dá trabalho: teremos que realimentar aquela amizade, reacender aquele amor, ‘replanejar’ nossos sonhos. E não queremos ter trabalho. No entanto, uma bela vida é como uma obra de arte bela: não pode ser feita de qualquer jeito, espirrando jatos de tinta a torto e a direito. A arte precisa ser pensada. Mesmo a espontânea guarda em si alguma lógica: o sentido que o artista queria lhe dar. O artista, no entanto, precisa ter consciência de si para que, mesmo na incompreensão, possa se compreender.
E daí que não o compreenderão? E daí que não o entenderão? Faça como o artista despreocupado com as opiniões que o cercam: viva a partir de seu próprio sentido, fazendo-se entender por si mesmo. Valorize, ame e cuide intensamente. Coloque como prioridade aquilo – ou aqueles – que tem um inestimável valor em sua vida. A ausência pode doer. Sobretudo quando sabemos que poderíamos ter agido para que ela não acontecesse: valorizando o essencial e deixando passar o banal. Não seja alguém desinteressado. Não deixe a vida simplesmente passar. O que você espera da vida? Ela não lhe trará essas coisas via Correios. É você quem deve estar atento para quando a vida lhe der a oportunidade. Hoje é uma delas. Você foi convidado a refletir sobre a importância de manter consigo o que – ou quem – lhe é importante. Agora decida o que fará com isso...
(Texto de @Amilton.Jnior)