CREPÚSCULO
A gente precisa viver muito pra começar a entender que nada é nosso.
Tudo é temporário e nada nos pertence, a vida é como uma bolha de sabão que sopramos no ar, ela flutua, contempla o belo, replandece, mas pode estourar a qualquer momento.
Nossa casa, nossos pertences e até mesmo aqueles que atribuimos valor emocional, nada disso é nosso.
A vida é feita de parcelas e quando chega o fim não podemos levar nada, deixamos tudo e vamos nus, despidos de coragem e personalidade.
Em vida temos a péssima mania de achar que somos o que somos pelos bens que possuímos ou pelo teor social que representamos.
Na verdade somos um grão de areia na vasta eternidade.
A vida terrena faz pensar que somos gigantescos, invencíveis e imortais, enquanto que a morte em segundos nos confessa o que demoramos a vida inteira para aprender.
Quando ela vem não convida, simplesmente nos arrasta ignorando todos os planos que ainda temos pra viver. O carro novo, o cargo importante, a agenda do dia seguinte, tudo fica suspenso na roda gigante do destino.
E cara a cara com a morte nada mais importa senão uma atitude desenfreada de sobreviver e driblar o fim.
Compreendemos nossa pequenez e que entre tudo e tanto somos tão singelos quanto a folha que cai durante uma ventania de outono
Somos mortais, errantes, e frágeis.
A vida é uma condição , ela não é estatíca ou permanente mas é o bem mais precioso que recebemos do Criador quando respiramos pela primeira vez.
A morte no entanto é o crepúsculo opaco após o pôr do sol reluzente da vida.