Alergia de antibióticos: Cefalosporinas e Penicilinas

Bem está dito: "O homem busca o conhecimento quando se cansa de sofrer".

Chegará o dia em que o homem tentará conhecer os inimigos da sua paz...

Buscará conhecer os motivos de seus sofrimentos...

E mesmo sabendo que a verdade tem lá as suas consequências...

Terá a compreensão de que é melhor sofrer sabendo a verdade, do que viver se iludindo com mentiras...

Certamente, há quem prefira o engano...

Mas há outras pessoas que preferem a verdade...

Entendem que está em suas mãos a decisão de continuar a sentir dor ou buscar para elas um novo significado...

Mas hoje, vou escrever sobre uma realidade triste...

Estamos em 2023... e a falta de conhecimento é certamente a causa maior das nossas dores...

Muitas pessoas ainda hoje iniciam o vício do cigarro, mesmo com toda a informação que se tem... Mas que não se busca...

Tantos medicamentos também, estes que deveriam ser para auxiliar, por vezes, também têm sua parcela de enganação na vida de muita gente.

Em 2017, apresentei reação alérgica ao antibiótico Cefalexina, durante uma internação hospitalar, e quando tive oportunidade pedi encaminhamento para alergista, junto ao posto de saúde, mas pelo SUS, foi-me dito, que não havia convênio, por isso, a Secretaria de Saúde considerou que uma dermatologista me daria a orientação adequada sobre as reações ruins que eu havia tido.

Durante a consulta, a doutora disse que eu não poderia dizer que era alérgica a estes antibióticos... Esta foi a orientação dela sem fazer qualquer exame, apenas olhando para mim, ouvindo meu relato do porquê eu estava em seu consultório.

Outra médica, de Clínica Geral, para a qual eu também falei da minha reação com a Cefalexina, escreveu num papel com letras garrafais: "CEFALOSPORINAS", para que eu lembrasse de avisar que não podia tomar nenhum antibiótico desta família. Eu achei melhor confiar nesta segunda médica, pois na minha falta de conhecimento inicial, eu cheguei a considerar que minha alergia era do soro que estava sendo administrado durante minha internação.

A mesma reação ruim eu também apresentei com a Amoxicilina, o que me fez incluir as Penicilinas na minha memória de lembranças desagradáveis. Depois disso, já tomei diferentes antibióticos que não me causaram reações visíveis, que pudessem chamar a minha atenção da mesma forma que estes dois.

O que me faz escrever sobre a falta de conhecimento que tanto traz aflições para a humanidade, expondo aqui o meu caso de alergia e desatenção da primeira médica, é minha intenção de registrar parte da história de meu sogro, alérgico à penicilina, que foi vítima de erro médico em 2020 e 2023.

Minha sogra sempre falou sobre a alergia dele quando iam a Porto Alegre, Rio Grande, ou qualquer em quaisquer cidades e locais em que ele precisasse consultar.

Mesmo assim, a médica do posto de saúde indicou a Amoxicilina para ele tomar por causa de umas feridas que apareceram nos dedos do pé.

Ele vinha fazendo uso do Ciprofloxacino, com um médico particular, mas começou a se tratar e fazer os curativos pelo posto de saúde, onde a doutora de lá deu a receita de Amoxicilina. Não sei quantos comprimidos ele tomou e, a princípio, desconfiamos da Pregabalina, pois havia iniciado tratamento com estes dois medicamentos.

Dias depois é que nossa atenção se voltou para a Amoxicilina, mas a médica disse que "por ser sintética" não poderia ter sido a causa das reações que ele teve, quando passou a fazer uso de fraldas e se tornou um paciente acamado.

O erro de tratamento, juntamente com o fato de a doutora não ter dado encaminhamento para um especialista, muito provavelmente, acabaram resultando na amputação do pé do meu sogro...

Mas como é praxe para alguns "profissionais", muitos são os que não se sentem confortáveis de admitir seus erros!

Culpam os pacientes quando o tratamento não tem o resultado que se espera... Com meu sogro não foi diferente, foi dito que aquela amputação era consequência dele ser um paciente diabético...

O fato é que meu sogro começou a tratar o pé em maio de 2020 e em setembro de 2020, quando, por sorte, chegou a uma médica cirurgiã, ela não viu outra opção além da amputação.

Digo que foi "sorte" porque a doutora do postinho nunca teria encaminhado ele a um cirurgião por iniciativa própria. O que aconteceu foi que no meio destes procedimentos de curativos feitos, meu sogro foi chamado para consulta com um traumatologista que estava encaminhado há 1 ano. Esta foi sua sorte!

Pois mostrou o pé ao médico, e este médico disse que deveria ser visto por um cirurgião vascular.

Em nossa cidade não há esta especialidade.

Mas há o cirurgião geral e a cirurgiã geral. Esta última, ao observar meu sogro, disse que aquele pé, no estado que estava, era questão de "negligência da família". Não conhecia a história de busca que meu sogro e minha sogra sempre tiveram, até mesmo com várias viagens perdidas, na esperança de tratamento em melhores centros de saúde, com diferentes especialidades.

Não, doutora! Não foi negligência da família! Foi negligência de quem, sendo responsável pela organização de um prontuário, esqueceu de escrever a informação básica sobre as alergias do paciente.

Foi falta de atenção e negligência da médica do postinho que, antes de receitar, esqueceu de perguntar as alergias do paciente e não encaminhou mais rapidamente para a avaliação de especialista vascular.

Sem o tratamento adequado, a infecção foi tomando conta e quantas mais complicações provavelmente passaram despercebidas junto a tantas preocupações que se seguiram.

Não seria um caso para amputação se ele tivesse recebido a atenção, orientação e assistência correta por parte dos profissionais do posto de saúde.

Depois da alta hospitalar, em outubro de 2020, seguiu-se a fase de tentativa de reabilitação, com grandes dificuldades, onde meu sogro necessitou muitas vezes da assistência do posto de saúde, material de curativos, receitas de remédios, enfim... ter um acompanhamento dos profissionais daquele local que, até hoje, carrega o nome de "PSF - Posto de Saúde da Família".

A maior parte dos curativos da perna amputada foi feito por meu esposo e, depois de muitos meses, tivemos a regeneração que tanto esperávamos. A fisioterapia, entretanto, não foi suficiente para que ele conseguisse voltar a andar.

Meu sogro faleceu em maio deste ano, mas não antes de ser novamente vítima de erro da nova médica que estava atendendo no PSF.

A médica deu a ele a receita de Cefalexina, no final de março deste ano, pois estava com algumas feridas em alguns dedos do pé. Eu perguntei se não seria melhor o Ciprofloxacino, pois era uma medicação que sabíamos que ele já havia tomado e que não tinha reações ruins. Ela respondeu que a indicação dela era melhor para ele. E como não iríamos confiar na pessoa que estudou para ter seu diploma de médica? Afinal... cada organismo é um organismo... cada pessoa é única... Talvez meu sogro não fosse como eu, que tenho alergia das duas famílias de antibióticos...

Após finalizar o tratamento com 3 caixas do remédio, ele começou a ter problemas digestivos, que incluíram vômito de cor escura. Minha sogra questionou a médica, dizendo que deveria ser efeito do antibiótico, mas a médica disse que não era, que ele deveria estar com uma obstrução intestinal.

Nossa atenção se voltou para exames de raio-x até que conseguimos levá-lo ao hospital, onde foi colocada uma sonda para limpar o estômago. No hospital foi liberado no dia seguinte... Não lembro exatamente se foi dia 11 ou 12 de abril...

Aproximadamente 1 mês depois, como a situação dele não apresentava a melhora que esperávamos, fomos novamente com ele para o hospital, em busca de resolver a tal obstrução que a médica do posto de saúde falava que ele tinha. Porém após alguns dias de internação, exames de sangue, raio-x e creio que uma tomografia, foi dito que ele estava com pneumonia bacteriana. O médico que começou a atender meu sogro na segunda semana chegou a falar que havia pedido um leito de UTI para ele seguir tratamento em outra cidade com melhores recursos, embora o primeiro médico tivesse dito que ele estava melhorando e que o mesmo tratamento que tinha ali, era o que iria receber caso estivéssemos em cidade diferente da nossa.

Em meio a isso tudo... "O homem busca o conhecimento quando se cansa de sofrer"... Pesquisei na internet e encontrei a informação que a Cefalexina não era indicada para pacientes alérgicos às Penicilinas... Mesmo com a pesquisa feita, procurei as caixas dos remédios usados para ler a bula dos mesmos, pois acabei não conseguindo ter confiança e acreditar na minha pesquisa, uma vez que a médica do postinho não havia dado ouvidos para o questionamento da minha sogra, quando relatou que aqueles sintomas eram reação do tratamento do antibiótico... E a bula da Cefalexina que compramos confirmou que os pacientes alérgicos às Penicilinas deveriam ter cuidado com seu uso.

A médica realmente tirou nossa atenção de fazer o básico: ler a bula do remédio antes de iniciar o tratamento! Desde o início, quando falou que "aquele remédio era melhor", até o último momento em que teve contato com minha sogra e continuou insistindo que era algo mais grave do que uma reação alérgica. Talvez se o hospital tivesse feito o tratamento com anti-histamínicos em abril, quando ele esteve lá pela primeira vez... ou mesmo da segunda vez... se tivéssemos tido reconhecida a desconfiança que minha sogra ficou daquela medicação.

Meu sogro não chegou a ter alta hospitalar. Ficamos com ele no aguardo do leito de UTI que não chegou.

Ele faleceu dia 23 de maio, e a doutora do postinho... não sabemos para onde foi.

Por vezes, me culpo por não gostar de depender das pessoas...

Pois, para mim é realmente tão fácil confiar...

Como que alguém com diploma de Medicina pode agir assim?

Sem dar ouvidos para as dúvidas dos pacientes e seus familiares...

Será por não se sentirem à vontade ao admitir que podem errar, como qualquer outro ser humano?

Anos atrás, quando eu estava fazendo um tratamento com psicóloga, após duas perdas gestacionais e após minha mãe ter tido um terceiro AVC e ter ido para SC onde teria melhores condições de tratamento, cheguei a consultar com um neurologista que atendia pelo SUS em minha cidade.

Ele me deu receita de Rivotril e Venlafaxina, para ansiedade e depressão, e eu pensei: "Como esse médico sabe que eu preciso destes remédios, se está me vendo pela primeira vez na vida?"

Eu cheguei a pensar que ele tinha recebido uma mensagem do além (o mesmo pensamento que também tive durante a consulta com a dermatologista, já que ela não me pediu nenhum exame)... Perguntei a ele o porquê dele achar que eu precisava daqueles remédios e ele disse que era porque eu não tinha colocado batom para ir consultar... Ele falou algo sobre a minha idade também... e tenho a impressão, se não me falha a memória, que falou da minha roupa, mas já não lembro bem... Eu disse que não usava batom para ir nas consultas para que os médicos vissem como eu realmente era... tipo... se sou muito pálida... estas coisas que eu (na minha inocência) acreditava que eram importantes de serem analisadas quando vamos em consultas médicas. Mas o neurologista respondeu que isso se eu estivesse ido num clínico geral e não em um especialista...

Enfim... saí da consulta, comprei os remédios que ele indicou e desisti do tratamento depois de uns 5 comprimidos, pois não conseguia ficar 2 minutos sem bocejar. Nunca mais voltei naquele médico. Segui com os florais da psicóloga até que ela me deu alta, e, alguns anos depois, tratei outros traumas e inseguranças com homeopatia e buscando o conhecimento que me fez melhorar das várias frustrações pelas expectativas que eu tinha com relação às pessoas de um modo geral.

Estas escritas de hoje, contam em algumas linhas alguns poucos exemplos das frustrações que carrego...

Exemplos que revelam a minha dificuldade de querer buscar o serviço de certos profissionais...

Sei que estamos neste mundo para depender uns dos outros algumas vezes... para auxiliarmos uns aos outros algumas vezes...

Mas eu conheço a minha habilidade de confiar quando preciso! E realmente eu confio! Acho até que é um defeito... Mas se vou a um médico, certamente vou para ficar bem, e se ele acha que tenho que tomar Rivotril porque não uso batom, eu vou confiar que ele está certo em me dar um diagnóstico de depressão já na primeira vez que me vê na vida dele...

Uma amiga do trabalho dizia que eu deveria ir na médica homeopata para falar das habilidades que tenho...

Mas... bem... quem é que vai ao médico para falar do que está bem ou bom?

Temos que ir para falar do que está mal ou ruim... Pois são estas as coisas que queremos melhorar... e não as que consideramos boas em nós... Como ir no médico para falar das minhas qualidades, se eu não estou indo lá para procurar emprego?

Talvez tenham sido meus erros com alguns profissionais... Mas ainda assim, confiei em seus diagnósticos estranhos... Em suas orientações estranhas ao meu entendimento das coisas...

Talvez meu erro seja confiar demais, não apenas em consultas e tratamentos médicos... Talvez seja exatamente por isso que eu busque fugir destas relações de confiança...

Mas a verdade é que estas situações ocorridas não foram as primeiras que aconteceram, nem foram as segundas ou terceiras... Depois de tudo isso, ficamos sabendo de outro amigo que também tomou a Cefalexina sendo alérgico às Penicilinas. Inclusive, para uma criança que apresentou reação para a Penicilina, foi dito para seus pais que era Rubéola e tiveram que correr para outra cidade, a mais de 200km buscar tratamento adequado para a criança se recuperar, o que demonstra a grande dificuldade que algumas pessoas têm de admitir seus erros e falhas, o que acaba por desviar a atenção para coisas que atrapalham o diagnóstico dos pacientes.

A verdade é que damos muitos votos de confiança para as pessoas que encontramos pelos caminhos... Principalmente, buscamos confiar em quem deveria saber mais que a gente... Porém, é fato que a nossa frustração, diante das circunstâncias vividas, nos faz ter receio de buscar quaisquer relações que nos coloquem na dependência da boa vontade dos homens...

Desculpem o desabafo, amigos...

Não é para que parem de confiar nas pessoas... Há ainda bons profissionais e boas pessoas aqui e ali...

As escritas de hoje são, principalmente, para alertá-los para que cuidem essas reações alérgicas, que muitas vezes não damos bola... seja em vocês, ou em amigos, ou familiares...

Cuidem-se!

Que Deus nos proteja e ilumine a todos!! Que dê sabedoria a todos nós!!

Claudia RS
Enviado por Claudia RS em 08/09/2023
Reeditado em 09/09/2023
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