O peso do Ar
Sigo indelével por aí meu caro
Minhas pegadas traçam na areia o peso do tempo
Sigo arrastando as quirelas que outrora eram farturas
Farta de tantos descaminhos
De tantos desenganos
Só sigo meu caro
Não me pergunte para onde
Não entendes que o destino já não importa
O importante é seguir caminhando
Carregando a insuportável virtude dos mansos
Dos abnegados, dos desprovidos
Não quero o apreço de ninguém
Não quero estar na prateleira dos afetos como bibelô de pouco valor
Quero eu ser poeira ao vento
E não deixar rastros
Seguir a caminhada sem tocar o chão
Sem ser vista e nem compreendida
Isso me interessa mais