O peso do Ar

Sigo indelével por aí meu caro

Minhas pegadas traçam na areia o peso do tempo

Sigo arrastando as quirelas que outrora eram farturas

Farta de tantos descaminhos

De tantos desenganos

Só sigo meu caro

Não me pergunte para onde

Não entendes que o destino já não importa

O importante é seguir caminhando

Carregando a insuportável virtude dos mansos

Dos abnegados, dos desprovidos

Não quero o apreço de ninguém

Não quero estar na prateleira dos afetos como bibelô de pouco valor

Quero eu ser poeira ao vento

E não deixar rastros

Seguir a caminhada sem tocar o chão

Sem ser vista e nem compreendida

Isso me interessa mais

Rachel Galesso
Enviado por Rachel Galesso em 08/09/2023
Código do texto: T7881068
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