A odisseia de estar sozinho
A roupa está jogada no chão da sala. Passou a noite, o dia e é noite novamente. Só agora me dei conta dela. Talvez não esteja do mesmo jeito de quando foi posta lá, pois acredito que eu deva ter passado por cima dela e/ou chutado-a algumas vezes. As caixas estão cheias de coisas, amontoadas no quarto que deveria ser o escritório. A louça suja se acumula desde o domingo. O banheiro está para ser lavado, as roupas limpas para serem organizadas, a roupa suja amontoada esperando para serem colocadas na lavadoura. Minhas plantas pedem urgentemente água.
Minha cama me chama, meus olhos pedem uma pausa, mas o celular grita me chamando e seu chamado é mais forte, bem como o é o chamado da cama. O quarto está escuro, na penumbra, por conta da janela fechada. Não tive coragem de abri-la. Hoje era o dia de juntar o lixo e descer as escadas para deixa-lo para a coleta.
Tinha me programado para voltar as caminhadas no parque hoje, já que coragem para ir a academia me falta. Também programei para organizar as saladas, na mil milésima tentativa de voltar a alimentação saúdavel. Na hora das refeições, as opções menos saudaveis foram as mais viáveis.
A caixa de ovos está no chão, no mesmo lugar que a deixei assim que cheguei do supermercado, do qual também trouxe os vegetais e legumes que eu não comi. Pelo menos tive a ação de limpar e colocar na geladeira, que tinha duas cenouras secas, com a casca preta. Também tinham duas laranjas murchas e uma manga com aspecto de "passada". Pensei "gastos desnecessários?".
O externo manifesta meu interno. É isso!