Toque humano
Um dos mais sutis e belos presentes que ganhamos ao chegarmos neste mundo é o singelo toque humano. Desde o ventre das nossas mães quando, involuntariamente, chutamos e tocamos o interior do corpo nos gerou. Há uma incessante necessidade de sentir, por mais breve que seja. Suplicamos pelo tato. Derruba as barreiras da razão e invade o campo do instinto. Até que chega o dia em que somos segurados e pela primeira vez erguidos, cautelosamente, vestidos de um rubro véu molhado: sangue, o nosso primeiro cobertor. Bebês frágeis e indefesos, chorões naquele estado, entregues aos braços de alguém. Braços que se cruzam e se fazem leito. No entanto, não se sabe se esse alguém irá dar-lhe carinho e atenção. Não se sabe se estavam preparados para a sua chegada nem se serás bem-vindo.
Todos os seres têm a necessidade intrínseca de manter algum tipo de contato, seja para se reproduzirem, seja para socialização. Sem contato, nos tornamos cada vez mais medrosos e ansiosos. Um simples aperto de mãos te faz sentir mais confortável diante de uma reunião. É importante destacar que o contato que precisamos é aquele que acalenta a alma, não aquele contra a nossa vontade. Tocar é pedir permissão para entrar no espaço do outro. É como um cativar-se da história do principezinho e da raposa. Caso contrário, sentimo-nos invadidos, abusados, agredidos. Assim, o toque de fato nos faz humanos, mas apenas se lhe é concedido como um sorriso de um velho amigo.