O caos de minha existência: Uma escrita sem sentido de um homem de trinta anos.

Fiz trinta anos tem quase um ano, sempre acreditei ser uma boa pessoa e especial, mas percebi que sou tão comum quanto os outros. Esse último ano tem me surpreendido bastante, tudo vem desmorando com o tempo. A constelação de coisas e pessoas que estavam por aqui quando eu fui trazido a este mundo estão desaparecendo, assim como meus cabelos. Em resumo, como homem negro, me orgulho de ter sobrevivido até os 30, ter entrado em uma universidade, sendo o primeiro da família. Também conseguir ser promovido em alguns empregos e algumas outras coisas legais. Tudo está se acabando, minha mente fervilha em duvidas e inquietações, sou quase um paradoxo ambulante. Talvez eu esteja ficando louco dado a esse mal estar na civilização, sou conservador demais para os que pertencem a geração do final da geração z (2005+) e alpha, e sou liberal demais para geração z e millenals. Estou me sentindo um estrangeiro nessa vastidão de coisas sem sentido que é a vida. Faço terapia, tendo me educar, mas ainda estou em conflito com toda essa angustia que compõe cada átomo de meu ser. Diante desse grande conflito, sigo apenas. Perdi grandes amizades, um grande amor e parte de minha saúde mental. Não há a quem culpar, no final, ninguém realmente se importa com nada. É nos ensinado que devemos amar as pessoas como se não houvesse amanhã e, em menos de dez anos, devemos amar o dinheiro, o status e o instagram como se houvesse amanhã. A distorção desse meu cérebro de trinta anos vem me assustando, não sei se distorção se encaixa bem nesse momento, mas é a palavra que me parece mais apropriada para esse texto sem sentido. Eu descobri o poder do dinheiro, pelo visto, é mais importante que Deus, para alguns, que fique claro. Escrevo aqui não para ninguém, apenas para que eu possa reorganizar minha mente, sou frágil quando o assunto é autocontrole, por sorte tenho um instinto de preservação alto. Então, evito drogas, exceto a paixão, mas convenhamos, cada um tem o direito de se matar como preferir. Voltando ao dinheiro, ele me deu acesso a sexo e a ambientes os quais nunca achei que poderia, porém nada disso faz sentido. Eu, tolamente, queria um amor simples. Mas, confesso, meu coração pertence a um fantasma de alguém que morreu a tanto tempo, que não sei nem por qual razão escrevi essa frase. Morreram nossos filhos, nossos sonhos e toda aquela estupidez que eu acreditei enquanto estava contigo. Eu te vi, você estava obesa, sei que é errado rir disso, mas sei que não só minha psique que foi arrebentada. Mudando de assunto, voltando aos trinta anos, todas as pessoas que confiei me traíram, sinto medo de mudar depois de passar por isso tudo. Imagina se eu passar a me comportar como meus amigos, evitando o mais básico, o contato humano, a lealdade, os valores e toda essa besteira a qual eu insisto em acreditar. Eu achei que eu iria colecionar menos cicatrizes se me dedicasse mais ao trabalho, trabalhei tanto que me perdi, fiz uma grande quantia de dinheiro para pessoas que me descartaram como se eu nem tivesse ficado dois anos me dedicando aos resultados. Os resultados, estes, me levaram parte da saúde mental, dos cabelos e do coração...Não se enrique sem matar sonhos e explorar pessoas. Ah...um conselho de alguém que tinha uma visão romântica(estupida, infantil) do mundo: Desconfie da generosidade das pessoas, fica a dica.

E sobre o amor, ah...esse assunto é polêmico, mas imagino que está acabando. Estamos todos neuróticos, eu mesmo sou um desses. Eu tenho a estupida ideia que um dia serei amado sem ter que disfarçar todos os meus defeitos e incertezas. A palmitagem deu errado, também me enganei com as mulheres negras, elas também querem brancos. Um manicômio de caricaturas, como diria Fernando Mendes Pessoa, meu professor de Heidegger e, em dias mais raros, de filosofia. Dizem que para um homem dar certo, ele tem, como princípio, não querer nada além de desenvolvimento, dinheiro e patrimônio. Eu confesso que estou quase acreditando, tudo se torna um valor social que serve para comprar o ticket de acesso a algumas genitais. Num manual Redpill, eu seria colocado no hall de homens corrompidos por características femininas, onde já se viu? Sensível, que chora em público e ainda por cima um poeta amador. Na teoria, sou um repelente vaginal, mas meu desempenho é até bom, mas não importa números, é o que dizem. Talvez se eu fosse mais bonito, seria o triplo, enfim. Estou muito irritadiço ultimamente, me tornei muito arrogante, acho as pessoas chatas e burras. Falando sobre instagram, sobre a merda de passeios em lanchas e no fim se submetem a "pau e água". Não sei o que fazer com essa raiva, tenho medo do que pode acontecer, caso algo aconteça, imagino que não haverão mais textos, rs. Sei lá, há um animal perigoso guardado aqui, que é montado por uma criança machucada e solitária. Humberto Gessinger me salva às vezes, com coisas tipo essa que cito:

"Eu devo estar ficando louco

Será que eu escutei errado?

A vida no maior sufoco

E os caras de papo furado

Todo cuidado é pouco

Nem pense em ficar parado

Estamos no melhor da festa

Dançando no campo minado"

Aliás, meu gosto musical é excelente, sim, não sou modesto. Foram 25 anos, longos 25 anos, né Bacu?

Eu imagino que estou ficando louco, não deve ser culpa das pessoas, normalmente os loucos e idiotas acham que o problema está no mundo. Mas este, nada tem de responsabilidade sobre o todo. Não importa o que o mundo fez com você, o que importa, realmente, é o que fazemos com isso tudo. Deve ser assim que Sartre alertou a rapaziada. Não tenho certezas, será que o que nos expõe e nos compõem anulam essa sentença. Uma pessoa com ebola, na África, pode fazer o que com o que o mundo fez dela? Vai saber. Esse texto, relato, seja lá o que for que se chame isso é escrito por um covarde, fugi do mundo moderno e correto para este espaço na intensão de fugir mesmo. Me esconder aqui, aqui não ofendo ninguém, não perco mais amizades, ninguém que eu amo morre ou pior, ninguém que eu amo vai embora. Ainda me restam estrelas nessa constelação de coisas que amo, mas quanto mais passa o tempo, mais meu céu se torna escuro. O brilho dos meus olhos vão se esvaindo, me pergunto, morrerei idoso ou serei acometido por um câncer? Não sei, vou descansar um pouco, acho que esse texto foi suficiente para que eu possa por minha mente no local dela, no olho do furação, nesse caos, nessa angústia, sigo meu caminho.

Roomer
Enviado por Roomer em 02/09/2023
Reeditado em 20/02/2024
Código do texto: T7876312
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