Em Branco
A indefinição das situações que deveríamos definir de imediato cintilam em nossos vícios. E é sempre saboroso esperar pelo que não vem, pelo que existe somente no fingimento de se ter esperança e na autopiedade. Segue-se um intensa volúpia pela inércia que ao ser adormece - uma imagem se forma no escuro com cores difusas quando se fecha os olhos; o peito rasga, queima mas, a dor não vem, apenas ecoa uma expectativa, um atraso infinito.
Há uma presença, uma respiração ao pé da nuca que se denuncia ao nos soprar os cabelos - e os cabelos eriçam, estremecendo a coluna. O corpo se abre, tudo está em branco e o ciclo recomeça.