O silêncio, o vazio e a razão

O silêncio nos entrega o que é de direito. Toda assunção de uma proposição se dar por meio de um vazio, o antecedente a toda conceituação. Toda prerrogativa moral/jurídica é a densificação da filosófica e esta da dita espiritual. Toda a divisão é o primeiro passo "dado" da analítica. Toda dualidade remete a unidade, a intenção é dual, mas a tonalidade é uma. Tudo o que está escrito é um ainda não necessariamente. Toda tentativa de raciocínio apodítico é uma entrega ao fracasso, o apego a uma das faces do caleidoscópio. As multi interpretações são apenas equivalentes se e só se no devir. Toda a movimentação é uniformidade em essência. E toda uniformidade em essência é ponto, portanto, abstrato e metafísico. Toda teorética é uma estética em forma, isto é, em uma determinada estrutura lógica. Toda estrutura lógica é uma conformação do campo. Toda proposição é intuída primariamente. Intuída não apenas empiricamente e/ou a priori do tempo/espaço, mas o que a isto antecede. Todo tempo é sucessão do um, ponto, seta a apontar, instante. A abstração é a entrega do saber por meio de um intuir. A intuição não é simplesmente dada, é concebida. Toda concepção é individual, mas ao falar disto, universal torna-se. O universal não é a soma dos particulares, ou a ideia genérica de uma coisa em uma totalidade igualmente genérica e imaterial, mas abstrair é sair de si. Sai de si o que compreende no instante o per se deste ato (sic); todo pensamento é. O todo não é a síntese dos conceitos, é o que a ele transcende. Toda formalização está certa e errada, mas é, isto é, está a apontar o instante daquela manifestação vertical (1). Deus é e somos. O silêncio é a "ideia" que concebemos antes da vinda de toda e qualquer ideia. Ideia é ( ), pois só há ideia se há objeto, por isso falamos ideia da coisa. Ideia é um termo a referir-se. A ideia fala de si mesma por meio de outro/outrem. A ideia é vazia (sic). Todas as formas são direcionadas a um ente, senão, ideia das formas é uma outra coisa que não forma mesma. Forma em si, portanto, é não forma em outro, que é forma. Toda ideia não é uma ideia com, é ideia de. Todo o tempo e o espaço é uma ideia sem nome próprio. Toda abstração é morta ou matar-se como ente. A coisa é ideia do algo, a forma e tempo é ideia do algo em sucessão (movimento, dinâmica), porém, toda sucessão "existe" por causa de uma referência, assim sendo, o tempo e espaço é uma autorreferência "absolutizada". Todo elemento tido (interpretado) como absoluto é uma redução de tudo a este (indução). Reduzir é limitar o horizonte de possibilidades. Limitar é matar-se. O homem é a dimensão do não dito, pois tudo o que é dito já não é. Para ser faz-se necessário ser isto mesmo e não aquilo outro. Todavia, tudo aquilo outro já não mais sendo, este sendo já não mais é. Portanto, não podendo assim mesmo ser, é ilusória a afirmação de que és. Toda conceituação é morta antes mesmo de nascer. Parte da intenção cega a morte da razão (sic). A intenção cega é o limitar para abarcar (racionalização). Toda operacionalização é pôr-se em perigo, pois tudo ser não deseja "ser não ser". Todo ser não ser parte da intenção, que jaz é, de explicar-se, portanto, da crença. Todo ser não ser é escravidão de si enquanto ato. Agir é pôr-se em movimento (sucessão). Todo movimento é variação de ser, pois toda conceituação é burra. Tudo o que há é e o que não há não não-é, pois não há nada a declarar do que não há. Movimento é referencial. Movimentar-se em razão é pôr-se na razão, isto é, limitar-se. Trancedemos a razão, assim sendo, somos seres da supra-razão. Toda definição é cega para o todo e toda filosofia do todo é mentirosa. Todo sistema filosófico é uma representação. Toda representação concebe, toda concepção é viesada, portanto, toda filosofia é também subjetiva. Não obstante, toda linguagem lógica é a representação daquilo que seria o que representa, que é o representante de todo e qualquer representável _ em descenção, a soma das coisas e dos fatos _ , o que denomino de "o representante-representável". Sendo assim, toda filosofia é tão subjetiva quanto a arte. Nesta relação binária a dependência é daquele em relação a este, pois apenas no contraste implica-se a diferença. Sem a consciência tudo o mais seria apenas (sic). É neste vazio que buscamos fundamentar uma consciência que não conclama a si mesma rainha de nada ou do nada, senão, outros. Buscamos no silêncio e no vazio uma razão que não pede nada, não busca nada, apenas é e é isto.

18/08/22

Darach
Enviado por Darach em 29/08/2023
Código do texto: T7873394
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