CONFISSÃO NIILISTA
Nunca me conformei as autoridades,
verdades, sociedades, deuses e Estados, que decoram a pobre imaginação das épocas.
Nunca obedeci a qualquer tábua de leis.
A civilização é uma prisão da qual cada um foge a sua própria maneira no labirinto biográfico que lhe foi imposto.
Assim, fiz minha consciência livre dos grilhões da humanidade no infinito universo que me rodeia o umbigo.
Inventei minha própria natureza.
Jamais aceitei o jogo de qualquer forma de dominação ou relação de poder,
Nem me deixei ser escravo dos outros ou das minhas próprias necessidades.
Nada jamais para mim esteve acima de nada.
Soube a liberdade como a intuição desesperada de uma descrença absoluta.
Não sucumbi a ilusão de qualquer ideal abstrato de vida reta ou me rendi a vertigem da vaidade dos meus pensamentos.
Não frequentei idealistas ou materialistas.
Não pretendi ciências ou sabedorias.
Sou neste mundo apenas incerta matéria de esquecimento.
Mais nada.
Nunca pretendi colonizar vontades e consciências.
Jamais pretendi ser mais do que um efêmero momento.