Chuchu
Em uma manhã de quarta-feira, quando o sol ainda tímido surgia no horizonte, sou lembrado de como as pessoas são amargas logo cedo. Estava eu a caminho do meu trabalho, ônibus empanturrado de gente, e as bolsas, mochilas, sacolas, malas, gaiolas de passarinho como sempre ocupando os lugares errados. Encorajado pela noção do obvio, precipitei-me a pedir um humilde favor para desobstruir a passagem no corredor.
- Chuchu, você poderia colocar a sua mochila pra frente?
- Quem é você para me chamar assim?
- Mil desculpas por usar algo tão gostoso, para apelidar alguém tão sem água e sem sal logo cedo!
Que o chuchu e as demais hortaliças, frutas, verduras, legumes, animais e emotions nos perdoem por os usar para tratar carinhosamente pessoas tão amargas e sem vida. Sei que para alguns seres humanos é difícil fazer uso de palavras de baixo calão para tratar outras pessoas, devido sua criação, senso de empatia e humanização social, mas acredito que seremos expiados por alguns surtos necessários.
Eu iria aqui cometer outra grave gafe os aconselhando a "não jogar pérolas aos porcos", novamente insultando e computando responsabilidade a um animal tão fofo e provedor de um dos meus pratos favoritos: o Bacon. Encerro, por tanto, com algo que foi dito e que se faz imperativo ate nos dias atuais: "Dai a Cesar oque é de Cesar, e a Deus oque é de Deus"!
Deixo aqui então o de Cesar, que não dei no ônibus:
- ah, vá a merda minha querida... amargurada tão cedo, dormiu de moletom, foi?