FELICIDADE DE OUTRA NATUREZA
Talvez a felicidade que almejamos não provém das formas mais frívolas de satisfação estritamente pessoal, de reconhecimento social ou de uma alegria que vem apenas para aplacar nossa sede egoísta. Tal felicidade, bem aventurança ou algo parecido é o propósito que aceitamos em nossa existência, o propósito de fazer a vontade de nosso Criador: aquele que detém o sentido da vida, bem como o poder de vida e morte. Podemos pensar numa felicidade de outra ordem, de outra natureza; numa felicidade experimentada quando temos a sensação de participarmos de um suprassentido na vida. E às vezes até a tristeza ou a angústia podem servir para o cumprimento desse objetivo supremo, de beatitude. Eis aqui a quintessência do sublime que dignifica o nosso ser. Eu sempre me refiro, portanto, a uma bem-aventurança vivida no cumprimento de uma finalidade ou de um propósito supra-individual e transcendente, do que no mero fazer a nossa vontade a qualquer preço ou ir em busca dos próprios interesses egóicos. Essa é uma realidade que jamais brotará de nós como se nós fossemos os grandes criadores dos grandes mistérios, mas da única fonte arquetípica da verdade e do amor elevado que pode sarar qualquer ser humano por meio da fé e da esperança.