O erro das generalizações

Em determinados momentos da nossa vida adotamos maneiras distorcidas de pensar. Em algumas vezes catastrofizamos, imaginamos tragédias que, racionalmente, jamais aconteceriam. Em outras vezes nos deixamos levar por personalizações e consideramos que todas as mazelas que acontecem ao nosso redor são de estrita culpa nossa (não que devamos, então, fechar os olhos para as nossas responsabilidades, mas será mesmo que somos tão responsáveis assim por tudo que acontece?). No entanto, sobre uma forma distorcida de pensar que gostaria de trazer hoje é quando fazemos generalizações, quando somos incapazes de discriminar e diferenciar as situações e, a partir de uma experiência desagradável, definimos a vida. Então se falhamos em uma entrevista de emprego, consideramos que somos uns fracassados e que nenhuma dará certo. Se tivemos um mau relacionamento com uma pessoa, então concluímos que relacionamentos são horríveis e que não merecem ser vividos. Vivendo por esse viés, pautando toda a nossa existência a partir de eventos isolados, vamos, aos poucos, recolhendo-nos do mundo, fechando-nos para novas experiências, adotando um comportamento evitativo que apenas reforça a nossa crença de que a vida é sem sentido e sem atrativos. Um erro. Um equívoco. Pois, como tenta nos inspirar as palavras de Zirtaeb Onamaac:

“É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou. Entregar todos os teus sonhos porque um deles não se realizou, perder a fé em todas as orações porque em uma não foi atendido, desistir de todos os esforços porque um deles fracassou. É loucura condenar todas as amizades porque uma te traiu, descrer de todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo. Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força. Para todo fim um recomeço!”

E não é justo com você. Não é justo que, por causa de uma rosa que espetou o seu dedo, você deixe de apreciar a beleza de todo o resto do jardim. É injusto que por causa de um amor que não prosperou, você se condene a não viver mais nenhum. Experiências individuais não podem trazer significado à nossa vida. Nossa vida só ganha sentido se a vivermos, se acumularmos experiências, se tivermos vivências. E não importa se essas experiências, em um primeiro momento, serão experimentadas como desagradáveis ou satisfatórias. Importa o sentido que daremos a elas, a forma como as compreenderemos, a interpretação que a elas garantiremos. Importa que, sejam elas boas ou más, aconteçam para nos ensinar algo, para nos ajudar a ver a vida de outros ângulos, para aumentar em nós nossa maturidade e conhecimento sobre nós mesmos.

Antes de encerrar, no entanto, quero trazer um questionamento que talvez sirva de primeiro passo rumo ao seu autoconhecimento. Sim, alguma rosa arisca pode ter espetado o seu dedo. Mas pense um pouco. Será que ela fez isso gratuitamente? Será que ela realmente quis fazer isso? Ou será que você não a apertou demais e essa foi a única maneira que ela encontrou para se proteger? É verdade que nem tudo é culpa nossa. Mas se soubermos reconhecer algumas de nossas responsabilidades sobre a vida teremos a chance de acertar mais e errar menos!

(Texto de @Amilton.Jnior)