A intuição nunca mente

A intuição nunca mente. Bastariam quatro palavras para introduzir e concluir o assunto. No lugar do ponto, a vírgula. Depois, um parágrafo, dois, três. O gosto azedo da injustiça é o nó na garganta que permanece. A palavra nem sempre é de prata, às vezes está envolta em uma camada sufocante de enxofre. Já o silêncio, apelo dos sensatos, também não é de ouro. Feito de cansaço, desamparo e guiado pelo tremeluzente orgulho, pode ser a peça que encurrala uma falsa rainha neste tabuleiro às avessas.

Pobre daquela criatura amargurada e recalcada que se cobre de vitimismo para justificar a própria falta de garra, acusadora mor de crimes imaginários e narcisista a ponto de acreditar que a persigo por pura diversão, sendo que a verdade escancara o oposto. Foram dois longos anos estudando o alvo até, por fim, dar o bote em um momento propício, sem indícios de piedade. As palavras que terminaram de me destruir partiram logo daquela bajuladora.

Olhar a foto dela me provocava desconforto. Era aquele olhar. Uma fusão de malícia, desdém e falsidade, algo que não se podia esconder. O apuro na escolha das palavras a traiu porque lentamente emergiram as verdadeiras intenções e já não era mais possível disfarçar o veneno escorrendo pelas pontas dos dedos, os comentários perversos, as suposições maldosas e o desejo consciente de ferir outrem de forma vil e imunda.

Certa vez, li um ditado muito pertinente: o seu pior inimigo não é aquele declarado, mas quem um dia disse ser seu amigo porque ele sabe com riqueza de detalhes onde e quando te atingir e o faz com a determinação de te chutar, pois no imaginário desta abjeta figura, você representa o motivo pelo qual a vida dela supostamente não flui. Tirar-te do caminho, portanto, será a indigna e controversa vitória de alguém que nada conquistou pelos próprios méritos a não ser desafetos.

Na verdade, ela não é ninguém. Não tem carisma, talento, simpatia, força de vontade, nem sequer um pingo de humildade. Aproxima-se em troca de algum benefício do qual almeja tomar para si, entretanto, a proximidade tem como objetivo enlouquecer, adoecer, isolar, desprezar tudo que parte de você para, ironicamente, conquistar espaço. Lembre-se, ela não tem luz própria.

A campanha de calúnias e difamações nunca esteve tão intensa. Presunçosa como ninguém, arma o circo para sair-se como vítima e lacrar, pois o álibi a permite destruir os outros e sair por cima da carne seca, sendo que nem tudo pode ser considerado preconceito. Induzir alguém ao suicídio configura-se em um crime muito maior, nunca é demais reiterar. Para quem se garganteia da própria santidade e diz ser do time do amor, diga-se de passagem, os critérios são seletivos e controversos.

O tempo passa e o nó na garganta permanece. A censura começa dentro de mim porque a partir do momento da publicação, já não possuo qualquer controle acerca da interpretação alheia. Abro documentos em branco, porém sei que os dedinhos nervosos estão em busca de “material” para criar conteúdo e o fluxo vai minguando, arranjo qualquer outro afazer para escapar do que era minha válvula de escape e meu principal meio de me comunicar com o mundo, tudo isso por medo de uma pessoa invejosa que decidiu dedicar a própria existência a arruinar a minha.

O mérito das experiências ruins é ensinar uma lição com rigor, para que se extraia de uma adversidade o conhecimento necessário para não repetir a mesma história. A dor existe para que possamos nos transformar em pessoas melhores, não nos apegarmos a ela e revivê-la em novas histórias.

Como voltar a confiar em pessoas depois de um trauma tão grande? Você nunca sabe as reais intenções de quem está do outro lado da tela.

Nunca, jamais, não importa o que aconteça ou quem seja, nunca mostre suas fraquezas, não conte planos, sonhos, desejos e segredos a quem hoje te adula porque amanhã você não sabe do que essa pessoa é capaz para acabar com você. Aprenda isso com amor ou com dor, você escolhe. Cometa outros erros, exceto o de ignorar aquele sentimento de mau presságio em relação a alguém, é a intuição falando com o seu coração.

15/08/23.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 15/08/2023
Código do texto: T7862215
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